O BATE PAPO LITERÁRIO que aconteceu na praça do Coreto em João Monlevade foi muito rico, pelos conteúdos, pelo choque de ideias, enfim, pela pertinência do assunto.
Foi mais uma ação cultural da troupe do Coletivo 7 face, como parte do FLIMON, Festival Literário de João Monlevade, com presenças ilustres. Foram convidadas a poetisa e empresário, proprietária da República Literária Jacqueline Silvério, a escritora Luzia Martins, a produtora cultural e atriz Carla Lisboa e esse que escreve (Marcos Martino) na mediação.
A frase que tematizou o Bate papo foi de autoria da Carla Lisboa “ EM TEMPOS DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E ÁUDIOS ACELERADOS, ESCREVER É UM ATO DE RESISTÊNCIA.
Foi uma conversa muito rica,
Muitos escritores ainda encaram a IA com desconfiança, com desconforto, com uma sensação de que existe algo farsante, plágio, uma cínica apropriação não consentida da criação alheia.
Jacqueline citou algo surreal: pessoas se oferecem na internet pra escrever livros pra gente com anúncios do tipo: eu escrevo seu livro para você usando a IA. Não parece piada? Como pode escrever um livro pra gente, sem vivenciar? O mesmo se dá com a música.
Foi consenso que a IA produz conteúdo sem alma, sem sentimento genuíno, dor, prazer.
Mas não há como negar que a IA nos espelha, emula nosso comportamento.
E o consumidor está completamente viciado em doses homeopáticas de dopamina.
Os algoritmos sabem o que queremos, o que gostamos e formatam entrega de conteúdo pra nos agradar e consequentemente, captar nossa atenção.
E a crítica, vai sendo amortecida pela absurda difusão de conteúdos pseudo agradáveis.
As Ias criam produtos para captar nossa atenção e alguém monetizar.
A frase que foi repetida várias vezes foi que A IA não tem alma.
Eu provoquei o pessoal: você teria coragem de criar em parceria com a IA?
A Jacqueline falou algo que faz sentido: que a criação literária, principalmente poesia, são coisas muito íntimas, vivenciadas. Ela não sentem nem necessidade de ajuda pra isso. Faz sentido.
A escritora Luzia Martins, disse que jamais iria fazer parceria com a IA, pois tem um estilo próprio, e seu trabalho é eminentemente humano.
Carla ressaltou o uso da IA como ferramenta, para formatar coisas mais rápido. Mas sem se lambuzar, sem usar só por que é modinha.
Eu fiz mais uma provocação: IA: ter medo ou se jogar?
Jacqueline disse que não tinha medo, mas que não iria se jogar.
Luzia também disse que não tinha medo, mas não iria se jogar.
Carla disse que não tinha medo e usava racionalmente.
Eu disse que tenho medo mas me jogo assim mesmo. Meu sentimento é de que não há escolha: é surfar ou morrer. Me solidarizo com vários que estão perdendo seus ofícios da noite pro dia. E pesquiso bastante pra não ser atropelado pelo tempo.
Provoquei outras pessoas presentes.
Perguntei pro Videomaker Bruno Navarro: você que é bem mais jovem, tá achando essa conversa careta, ou acha que é isso mesmo?
Bruno concordou com o que estava sendo dito. Que deveria prevalecer o espírito humano na arte.
No momento a IA é fashion, novidade que todos querem ostentar. Mas vai chegar um ponto que estará naturalizada. Não sei se é algo a comemorar ou temer. Também é muito dito que vai chegar o dia do AGI, em que a IA será autônoma e vai pensar e agir por si. No dia que esse dia chegar, não temos mínima ideia do que vai acontecer.
O certo é que a IA já está ai escrevendo poesias, livros, roteiros, artigos, músicas. Que mesmo sendo artificiais, vão ocupar espaços antes ocupados pela produção genuinamente humana.
Então eu pergunto a vc que é escritor, jornalista, poeta ou compositor. Já experimentou a IA? Ja tentou fazer parceria com a IA? Qual a sua impressão? Ferramenta ou ameaça?