Bom Dia - O Diário do Médio Piracicaba

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21/01/2014 13h55

FUTURO DO JORNALISMO

Os primeiros passos de uma nova imprensa

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<p> A segunda d&eacute;cada do s&eacute;culo 21 sepultou, junto de uma s&eacute;rie de peri&oacute;dicos, os press&aacute;gios de pouco valor anal&iacute;tico, mas extremo efeito psicol&oacute;gico, sobre o fim do jornalismo e seu espa&ccedil;o institucional, a imprensa. Foram muitos, e dolorosos, os abalos sofridos pelos jornais e revistas, cuja convuls&atilde;o no mundo fora potencializada pela crise econ&ocirc;mica de 2008. No Brasil, os problemas foram potencializados pelo achatamento do crescimento do PIB no governo Dilma Rousseff e, como aconteceu na Europa e nos EUA, pela migra&ccedil;&atilde;o dos investimentos em publicidade para a internet.</p> <p> Mas quem olha para o Norte do hemisf&eacute;rio, precisamente para os Estados Unidos, j&aacute; pode dizer que h&aacute; sinais do nascimento e desenvolvimento de uma nova imprensa, por meio da cria&ccedil;&atilde;o de novos ve&iacute;culos de qualidade, credibilidade e alcance e de mudan&ccedil;as implementadas em ve&iacute;culos tradicionais, como o New York Times e o El Pa&iacute;s.</p> <p> O evento mais recente ocorreu h&aacute; tr&ecirc;s semanas. A jornalista Arianna Huffington, criadora do Huffington Post, anunciou a cria&ccedil;&atilde;o de um novo di&aacute;rio global digital, o World Post, que contar&aacute; com a colabora&ccedil;&atilde;o de pol&iacute;ticos como o presidente dos EUA, Barack Obama, e empres&aacute;rios, como Bill Gates, al&eacute;m de um prometido espa&ccedil;o para a chamada &ldquo;gente comum&rdquo;. Por ser um ve&iacute;culo surgido com foco e alcance global, a iniciativa &eacute; o exemplo mais acabado da internacionaliza&ccedil;&atilde;o (ou globaliza&ccedil;&atilde;o) dos ve&iacute;culos de imprensa no espa&ccedil;o digital (ver &ldquo;Nasce um observador global&ldquo;).</p> <p> <strong>Novidades e novos paradigmas</strong></p> <p> Mas h&aacute; outras iniciativas que n&atilde;o podemos deixar de citar, como a recente vers&atilde;o brasileira do El Pa&iacute;s, com um jornalismo de qualidade, feito a partir das caracter&iacute;sticas da matriz espanhola, e as vers&otilde;es do Huffington Post pelo mundo afora &ndash; este ano estreia, ainda, a vers&atilde;o brasileira.</p> <p> Ao encerrar a marca International Herald Tribune, alterando o nome do jornal (impresso e digital) para International New York Times, o mais importante di&aacute;rio dos Estados Unidos renova e refor&ccedil;a sua estrat&eacute;gia de globaliza&ccedil;&atilde;o. O mesmo ocorre com o Financial Times, que adotou apenas uma edi&ccedil;&atilde;o internacional impressa para os diversos pa&iacute;ses em que circula, entre eles o Brasil, e comunicou que seus investimentos estar&atilde;o voltados desta d&eacute;cada em diante para o jornalismo digital.</p> <p> Al&eacute;m das novas estrat&eacute;gias dos ve&iacute;culos tradicionais, surgem novos ve&iacute;culos, financiados por bilion&aacute;rios e voltados para o jornalismo investigativo. O magnata Pierre Omidyar, criador do eBay, anunciou os primeiros US$ 50 milh&otilde;es de d&oacute;lares (de um total de US$ 250 mi) que investir&aacute; no site que est&aacute; montando com o jornalista americano Glenn Greenwald, c&eacute;lebre por divulgar as den&uacute;ncias de espionagem de Edward Snowden. O dinheiro ser&aacute; usado para montar reda&ccedil;&otilde;es nas cidades de Nova York, S&atilde;o Francisco e Washington. Outro bilion&aacute;rio e revolucion&aacute;rio feito na internet, Jeff Bezos, criador da Amazon, comprou em agosto do ano passado, por US$ 250 mi, o Washington Post. A trajet&oacute;ria inovadora e inquieta de Bezos, que mudou o varejo americano e desde o final da d&eacute;cada de 1990 investe na cria&ccedil;&atilde;o de plataformas de leitura digital de livros, faz esperar por novidades e novos paradigmas no antigo jornal da fam&iacute;lia Graham.</p> <p> <strong>A vers&atilde;o se sobrep&otilde;e ao fato</strong></p> <p> Nos Estados Unidos outro movimento importante, e marcante, embora ainda n&atilde;o se tenha aferido os resultados, foi o do investidor Warren Buffet, que comprou 63 jornais americanos locais, de diferentes vertentes pol&iacute;ticas, com a disposi&ccedil;&atilde;o de oferecer informa&ccedil;&atilde;o e jornalismo de qualidade nos meios impresso e digital para as comunidades das quais fazem parte. E, tamb&eacute;m, claro, lucrar com isso.</p> <p> A cobran&ccedil;a por conte&uacute;do, depois de revelar-se bem aceita pelo internauta, gra&ccedil;as &agrave; iniciativa ousada do New York Times, deixou de ser uma d&uacute;vida para tornar-se mais um meio de rentabilidade para os ve&iacute;culos. O modelo j&aacute; &eacute; adotado por cerca de 40% de todos os jornais do pa&iacute;s. Mas nem tudo s&atilde;o bytes. Conforme anunciado na semana retrasada, o site de not&iacute;cias Capital New York, especializado em cobertura pol&iacute;tica e de m&iacute;dia em Nova York, e comprado h&aacute; quatro meses pelo mesmo grupo que edita o site Politico, de Washington, ganhar&aacute; uma revista mensal a partir do dia 27 de janeiro. A primeira edi&ccedil;&atilde;o da revista ter&aacute; 8.000 exemplares, distribu&iacute;dos gratuitamente, com os custos e lucros bancados pela receita publicit&aacute;ria. O Politico, nascido digital, criou uma revista bimensal, cujo primeiro exemplar circulou em novembro de 2013.</p> <p> <strong>E no Brasil?</strong></p> <p> Para al&eacute;m da bem-vinda chegada do El Pa&iacute;s e do Huffington Post, em parceria com o Grupo Abril, n&atilde;o h&aacute; muito que se comemorar a esse respeito. Depois do surgimento de ve&iacute;culos digitais voltados para o notici&aacute;rio geral, 24 horas por dia, como o UOL, IG e G1, houve uma prolifera&ccedil;&atilde;o de blogs e sites que com o tempo se estruturam com an&uacute;ncios governamentais.</p> <p> Antes de serem ve&iacute;culos independentes e interessados na busca da verdade factual, esses sites e blogs est&atilde;o mais pautados no confronto pol&iacute;tico-ideol&oacute;gico com a imprensa tradicional, posicionando-se como contraponto a ela, sem trazer mat&eacute;rias e furos que possam tornar o notici&aacute;rio brasileiro mais competitivo e interessante. O resultado &eacute; o que temos visto: um preocupante n&iacute;vel de intoler&acirc;ncia pol&iacute;tica, no qual a vers&atilde;o se sobrep&otilde;e ao fato, a paix&atilde;o sobre a raz&atilde;o. E uma impressa que pouco investe na competi&ccedil;&atilde;o pela qualidade e na inova&ccedil;&atilde;o. Um cen&aacute;rio nada animador.</p> <p> <em>&nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp;Por Danilo Thomaz em 21/01/2013&nbsp;</em></p>

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