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03/09/2025 15h46

Câmara de João Monlevade realiza Audiência Pública sobre "O Grito dos Excluídos"

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A Câmara Municipal de João Monlevade realizou na noite dessa terça-feira, 2, uma Audiência Pública sobre o "31º Grito dos Excluídos – Democracia e Soberania: Cuidar da Casa Comum". A reunião é em atendimento ao Requerimento nº 60/2025, de autoria da vereadora Maria do Sagrado.

De acordo com a vereadora, o encontro teve como propósito debater sobre o movimento social e político, com o objetivo de denunciar as desigualdades sociais, econômicas e políticas enfrentadas por grupos considerados excluídos da sociedade.

Ainda em sua fala, Maria convidou para o evento Grito dos Excluídos, que ocorrerá a partir das 7h30 em concentração no Sindicato dos Metalúrgicos com saída prevista para a Praça do Povo às 8h30, onde ocorrerão várias atividades.

 

Presenças

Participaram da Audiência o padre Marcos José de Almeida; representante da CUT-Regional Vale do Aço e diretor do SECI Comércio de Ipatinga Aurélio Moreira de Sousa; assessor de governo, Cristiano Vasconcelos; vereador Belmar Diniz; presidente do Sintramon Letícia Gouveia; representante da secretaria de Meio Ambiente Ediene Romão; presidente do Sindmon-Metal Flávio Paiva; diretor do DAE José Afonso; diretora da Cáritas e da Comissão de Meio Ambiente Lucimere Leão; e coordenadora Cras Dona Preta, Patrícia Martins.

 

Sobre o tema

Padre Marcos José explicou que desde 1995, o Grito acontece todos os anos, sempre no dia 7 de setembro. A Igreja convoca as lideranças e movimentos sociais para que nesta data faça um contraponto às comemorações da independência do Brasil, "para lembrar que ainda não há verdadeira independência sem justiça social".

Ele explicou ainda que a Diocese de Itabira-Coronel Fabriciano, dividida em três regionais, decidiu alternar a realização do evento, cabendo este ano a João Monlevade sediar a mobilização. Padre Marcos ressaltou que o Grito coloca a vida em primeiro lugar e, em 2025, traz como reflexão o cuidado com a casa comum e a defesa da democracia. "Não se trata de questão partidária, mas de reconhecer que a democracia está ameaçada e precisa ser defendida", disse.

 

Plebiscito

O representante da CUT Aurélio Moreira, falou sobre a realização de um plebiscito popular, que tem como objetivo ouvir a população sobre dois temas: a redução da jornada de trabalho sem redução salarial e fim da escala 6x1 e a mudança no imposto de renda, propondo que quem ganha acima de R$50 mil pague mais, permitindo isenção para quem recebe até R$5 mil.

Aurélio destacou que essas medidas representam justiça social e que parte delas já começa a ser debatida no Congresso Nacional. Em João Monlevade, uma coleta de assinaturas será realizada no dia 4 de setembro, próxima quinta-feira, na Praça do Povo, de 9h às 16h.

 

Fala dos presentes

A presidente do Sintramon, Letícia Gouveia, falou da importância em "abrir os olhos e os ouvidos para os excluídos no mundo do trabalho". Ela destacou que o mundo do trabalho vive uma crescente retirada de direitos, dando exemplo a reforma da Previdência, que segundo ela retirou vários direitos dos trabalhadores. Letícia lembrou ainda da exclusão sofrida por mulheres negras, que em alguns casos são deixadas às margens e não conseguem uma vaga no mercado de trabalho e a persistência de situações análogas à escravidão. "Não podemos fechar os olhos para os excluídos do mundo do trabalho. É hora de unir forças em defesa da dignidade, da soberania e da justiça social."

A servidora da secretaria de Meio Ambiente Ediene Romão destacou a importância de olhar para os excluídos nas áreas periféricas da cidade. Ela apresentou o Projeto Proagri Saúde, recém-implantado pela Secretaria no bairro Tanquinho I, que visa garantir a saúde dos pequenos agricultores e consumidores por meio da análise microbiológica da água utilizada na produção de hortaliças. O projeto conta com parceria da UFOP e da Vigilância em Saúde e já identificou nascentes e cisternas na região.

Ediene mencionou também a relevância de abordar o racismo ambiental, destacando que projetos ambientais devem contemplar prioritariamente as áreas periféricas, onde os impactos sociais e ambientais são mais severos.

O diretor do DAE, José Afonso, ressaltou que o saneamento básico, essencial para a prevenção de doenças e melhoria da qualidade de vida, ainda sofre com a falta de continuidade política, ficando dependente da vontade de cada governo. Segundo ele, o investimento nessa área deve ser prioridade, já que a ausência de saneamento adequado sobrecarrega a saúde pública. José Afonso também alertou para os riscos da escassez hídrica no futuro, reforçando a necessidade de preservação dos mananciais e de uma conscientização coletiva sobre o uso responsável da água.

Por sua vez, a representante da Cáritas, Lucimere Leão, reforçou que o grito deve ser diário e não apenas no dia 7 de setembro. Ela também anunciou a realização da 8ª Romaria das Águas e da Terra da Bacia do Rio Doce, em 9 de novembro, em Mariana, que marcará os 10 anos do crime socioambiental na região, denunciando a destruição e defendendo os direitos dos atingidos.

A coordenadora do Cras Dona Preta, Patrícia Martins, falou do compromisso da secretaria de Assistência Social em dar voz aos invisíveis, especialmente a população em situação de rua, em parceria com a Pastoral. Ela explicou o funcionamento da rede de assistência no município, que inclui CRAS, CREAS, residência inclusiva, casa de passagem e programas como o Cartão Sexta Cidadã e benefícios eventuais. "Nosso trabalho não é assistencialista, mas uma política pública de direito e cidadania, que envolve acompanhamento técnico das famílias e articulação com saúde, educação e outras áreas".

O presidente do Sindmon, Flávio Paiva, falou que o maior risco é a exclusão social invisível, quando as pessoas não têm consciência de sua própria exclusão. Em sua fala, ele fez uma análise geopolítica, mencionando os riscos do avanço de posturas autoritárias no mundo e no país, e ressaltou o papel do presidente da república na preservação da democracia. Ele criticou a desigualdade no mundo do trabalho e a desvalorização dos trabalhadores, lembrando que a luta sindical não é apenas por sua categoria, mas por todos os trabalhadores.

Flávio também enfatizou a necessidade de mobilização popular contra retrocessos, como a reforma da Previdência, e defendeu a realização de plebiscitos e manifestações como ferramentas de conscientização.

O assessor e governo, Cristiano Vasconcelos, ressaltou ações importantes da atual gestão, como por exemplo a residência inclusiva e melhorias em infraestrutura com a implantação de um reservatório de água no bairro Estrela Dalva. Ele reforçou a necessidade de políticas sociais consistentes. Cristiano enfatizou que o afeto e o trabalho movem a transformação social e reafirmou o compromisso do governo em apoiar o Grito dos Excluídos e a reflexão sobre um modelo de sociedade mais justo e inclusivo.

O público presente também fez o uso da palavra para destacar a importância de acolher e dar visibilidade aos mais excluídos, incluindo moradores de rua, comunidades indígenas, quilombolas, trabalhadores, crianças, entre outros.

 

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