26/06/2025 07h02
A palavra foi protagonista...
Conversamos com a produtora e atriz Carla Lisboa e integrante do Coletivo 7 faces sobre o FLIMON, Primeiro Festival Literário de João Monlevade, uma semente plantada esse ano que tem tudo para florescer, afinal, Monlevade e região tem muitos escritores, poetas e pessoas que trabalham com a palavra. Mas vamos à entrevista…
BOM DIA - Qual balanço você faz do FLIMON? Correspondeu às expectativas do 7 faces?
Carla Lisboa - Para a primeira edição, do primeiro festival literário da cidade e com 3 dias de programação, o balanço foi super positivo. Correspondeu às nossas expectativas (do coletivo como um todo) e em alguns pontos até superou. E o mais importante: quem foi, amou! Tivemos retornos super positivos e carinhosos, de pessoas que participaram tanto como público quanto convidados.
BOM DIA - Vc esteve presente todas as noites. Vamos falar da primeira noite, na quinta feira...começou com o Bate Papo Cultural. Tema foi você que escolheu né? “Em tempo de Inteligência artificial e audios acelerados, escrever é um ato de resistência. E teve ainda a feirinha de livros, o sebo…o que você me diz sobre a primeira noite?
Carla Lisboa - Gostei bastante da primeira noite. Comparando com outras edições do sarau, este ficou mais tímido, menos público… talvez o frio (que nem estava tanto) tenha afastado um pouco o público. Mas o importante é que tivemos um público de qualidade, que participou, prestigiou e elogiou o evento. Tivemos alguns retornos de pessoas que já participaram de outras edições e confessaram sentir falta desses formatos de evento que costumávamos realizar na cidade. Percebemos que existe uma carência de eventos culturais de verdade.
BOM DIA - No segundo dia, na sexta, teve as oficinas de escrita e oficina de encadernamento. E à noite o BATE PAPO Literário no Villa de Minas. Dia intenso né?
Carla Lisboa - Apesar da quantidade de ações num único dia, foi bem tranquilo. Nossa equipe ficou bem dividida e deu conta do recado. O público das oficinas também foi tímido, o que também proporcionou uma troca mais próxima entre quem participou e os oficineiros. E em relação à Prosa Literária que realizamos à noite no Villa de Minas, foi igualmente aconchegante, assim como no sarau. O Rômulo e a Lidiane são parceiros incríveis e sabem bem como recepcionar e acolher o público e seus convidados.
BOM DIA - E no encerramento na PRAÇA DO POVO teve a cultura hip hop, expressão das ruas. Fechou com chave de ouro?
Carla Lisboa - A Festa do Encerramento foi incrível mesmo. E desde o início já pensamos nesse formato, em ter um dia da programação dedicado ao hip-hop. Até porque, o movimento hip-hop sempre esteve presente em todas as ações realizadas pelo 7Faces, desde 2013. Seja como público, seja como parceiros e como artistas. O Festival Marmotas por exemplo, das 6 edições já realizadas, 4 delas contou com programação específica e dedicada ao hip-hop. E tem tudo a ver com o FLIMON né? Como foi dito lá no Villa de Minas na sexta, a palavra RAP significa “ritmo e poesia”. As batalhas de MC’s e inclusive a Batalha de TAG, tem um viés literário. Impossível visualizar qualquer ação do 7Faces sem envolver o movimento hip-hop na programação.
BOM DIA - O que você achou que fui muito legal e o que acha que faltou?
Carla Lisboa - O mais legal? Pra nós do 7Faces, o mais incrível dos eventos culturais que realizamos é essa troca afetiva, esse ar “intimista” e aconchegante que proporcionamos em nossas ações. E essas não são palavras nossas, são os retornos que recebemos nos dias seguintes, de quem participou e prestigiou. É claro que público importa, mas “eventos lotados” apenas, não nos encanta. E acredito inclusive, que formatos de eventos que são pensados “pra lotar”, afastariam nosso público-alvo. Pra nós, a qualidade estará sempre à frente da quantidade.
O que faltou? A participação da própria classe artística e “cultural”, daqueles que sempre reclama da falta de eventos culturais na cidade. Mas entendemos também que as ações que realizamos sempre andam na contramão, assim como a Arte.
BOM DIA - Este foi o primeiro FLIMON. A tendência é ir lapidando a joia. O que vocês projetam para o futuro?
Carla Lisboa -Em relação ao FLIMON, pretendemos torná-lo um evento anual, assim como o Festival Marmotas. E que a cada edição, seja ainda melhor do que a edição anterior.
E o 7Faces agora virou gente grande, recentemente nos formalizamos como associação. Então pode apostar que teremos algumas novidades por aí.
BOM DIA - O tema inteligência artificial é tão desconcertante, que merece ser continuamente debatido. No bate papo que aconteceu, houve um clima de resistência. Não acha que vale à pena levar o tema ao debate com pessoas mais jovens, o pessoal do hip hop por exemplo, que já nasceu digital. O que será que pensam a respeito?
Carla Lisboa - Inteligência artificial é a bola da vez, né? Mas assim como todas as grandes novidades e mudanças, com o tempo a gente acaba se acostumando… ou não rs. Realmente faltou a turma do “somos todos IA”. Essa edição do sarau teve um público bem atípico em relação às edições anteriores, que sempre contou com um público mais jovem. Não posso responder por essa turma mais nova, que já nasceu com a tecnologia nas mãos… mas acho super normal eles serem 100% a favor da IA, até porque, a grande maioria deles não conheceram as dores e delícias da vida 100% offline.
BOM DIA - O coletivo 7 faces é inquieto e quando termina um evento, já começa outro. Quais as cenas dos próximos capítulos?
Carla Lisboa - Tivemos fases mais inquietas rs… até 2019, era sarau todo mês, durante uns 3 anos. Depois da pandemia diminuímos o ritmo e mudamos algumas coisas também, nternamente. O Festival Marmotas retorna esse ano, em novembro. Só teremos uma pausa pra respirar agora em julho, e em agosto já iniciamos a pré-produção do Festival. Também retornaremos com o sarau de forma contínua, bimestralmente, em parceria com o Coletivo A3liê.