Bom Dia - O Diário do Médio Piracicaba

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10/09/2020 09h59

Vacina??o: obrigatoriedade ? constitucional e protege cidad?os

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<p style="margin-bottom: 1em; color: rgb(38, 38, 38); font-family: Arial; font-size: 14.6667px; text-align: justify; text-shadow: none !important; box-shadow: none !important;"> <span style="text-shadow: none !important; box-shadow: none !important; font-size: 14pt;">O assunto j&aacute; tem o m&iacute;nimo regimental de quatro votos para ser julgado no Supremo Tribunal Federal (STF). A pauta: a obrigatoriedade de vacina&ccedil;&atilde;o de crian&ccedil;as e adolescentes pelos pais. Afinal, o Estado pode obrigar o cidad&atilde;o a manter seus filhos menores de idade imunizados? At&eacute; onde vai o poder de autoridade do Estado em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; liberdade individual?</span></p> <p style="margin-bottom: 1em; color: rgb(38, 38, 38); font-family: Arial; font-size: 14.6667px; text-align: justify; text-shadow: none !important; box-shadow: none !important;"> <span style="text-shadow: none !important; box-shadow: none !important; font-size: 14pt;">Para a especialista em Direito M&eacute;dico,&nbsp;<strong style="text-shadow: none !important; box-shadow: none !important;">M&eacute;rces da Silva Nunes</strong>, n&atilde;o h&aacute; d&uacute;vidas sobre o tema. &ldquo;O limite entre imposi&ccedil;&otilde;es estatais e a autonomia individual das fam&iacute;lias &eacute; a Constitui&ccedil;&atilde;o&rdquo;. Segundo ela, a Constitui&ccedil;&atilde;o Federal estabelece que ningu&eacute;m ser&aacute; obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, a n&atilde;o ser em virtude da lei. &ldquo;E a Lei n&ordm; 8.069/90, o Estatuto da Crian&ccedil;a e do Adolescente, imp&otilde;e aos seus respons&aacute;veis legais o dever de proteger a sa&uacute;de desta popula&ccedil;&atilde;o. Ela disp&otilde;e que a vacina&ccedil;&atilde;o das crian&ccedil;as &eacute; obrigat&oacute;ria nos casos recomendados pelas autoridades sanit&aacute;rias, levando em conta que a prote&ccedil;&atilde;o &eacute; indispens&aacute;vel para evitar que essa popula&ccedil;&atilde;o fique doente, em decorr&ecirc;ncia de doen&ccedil;as para as quais h&aacute; vacinas comprovadamente seguras e eficazes&rdquo;.</span></p> <p style="margin-bottom: 1em; color: rgb(38, 38, 38); font-family: Arial; font-size: 14.6667px; text-align: justify; text-shadow: none !important; box-shadow: none !important;"> <strong style="text-shadow: none !important; box-shadow: none !important;"><span style="text-shadow: none !important; box-shadow: none !important; font-size: 14pt;">Confira entrevista com M&eacute;rces de Silva Nunes sobre o tema:</span></strong></p> <p style="margin-bottom: 1em; color: rgb(38, 38, 38); font-family: Arial; font-size: 14.6667px; text-align: justify; text-shadow: none !important; box-shadow: none !important;"> <strong style="text-shadow: none !important; box-shadow: none !important;"><span style="text-shadow: none !important; box-shadow: none !important; font-size: 14pt;"><em style="text-shadow: none !important; box-shadow: none !important;">O STF est&aacute; para julgar recurso extraordin&aacute;rio com agravo no qual se discute se os pais podem deixar de vacinar os seus filhos, tendo como fundamento &ldquo;convic&ccedil;&otilde;es filos&oacute;ficas, religiosas, morais e existenciais&rdquo;. Hoje, o que diz a lei sobre a vacina&ccedil;&atilde;o?</em></span></strong></p> <p style="margin-bottom: 1em; color: rgb(38, 38, 38); font-family: Arial; font-size: 14.6667px; text-align: justify; text-shadow: none !important; box-shadow: none !important;"> <span style="text-shadow: none !important; box-shadow: none !important; font-size: 14pt;"><strong style="text-shadow: none !important; box-shadow: none !important;">M&eacute;rces da Silva Nunes:</strong>&nbsp;O Estatuto da Crian&ccedil;a e do Adolescente (Lei n&ordm; 8.069/90) assegura o direito &agrave; vida e &agrave; sa&uacute;de de crian&ccedil;as e adolescentes e imp&otilde;e aos seus representantes legais o dever de proteger a sa&uacute;de desta popula&ccedil;&atilde;o, sob pena de responsabilidade. O par&aacute;grafo 1&ordm; do artigo 14, do ECA, disp&otilde;e que a vacina&ccedil;&atilde;o das crian&ccedil;as &eacute; obrigat&oacute;ria nos casos recomendados pelas autoridades sanit&aacute;rias. E a legisla&ccedil;&atilde;o assim determina porque a prote&ccedil;&atilde;o das crian&ccedil;as e adolescentes &eacute; indispens&aacute;vel para evitar que essa popula&ccedil;&atilde;o fique doente, em decorr&ecirc;ncia de doen&ccedil;as para as quais h&aacute; vacinas comprovadamente seguras e eficazes e para impedir que essa mesma popula&ccedil;&atilde;o n&atilde;o atue como agente propagador dessas doen&ccedil;as. O Programa Nacional de Imuniza&ccedil;&atilde;o (Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de) disp&otilde;e sobre a vacina&ccedil;&atilde;o infantil e estabelece que as vacinas j&aacute; comecem a ser aplicadas ainda na maternidade, logo ap&oacute;s o nascimento do beb&ecirc;.</span></p> <p style="margin-bottom: 1em; color: rgb(38, 38, 38); font-family: Arial; font-size: 14.6667px; text-align: justify; text-shadow: none !important; box-shadow: none !important;"> <strong style="text-shadow: none !important; box-shadow: none !important;"><span style="text-shadow: none !important; box-shadow: none !important; font-size: 14pt;"><em style="text-shadow: none !important; box-shadow: none !important;">Em sua opini&atilde;o, qual o limite entre imposi&ccedil;&otilde;es estatais (especialmente as relacionadas a sa&uacute;de das crian&ccedil;as) e a autonomia individual de uma fam&iacute;lia?</em></span></strong></p> <p style="margin-bottom: 1em; color: rgb(38, 38, 38); font-family: Arial; font-size: 14.6667px; text-align: justify; text-shadow: none !important; box-shadow: none !important;"> <span style="text-shadow: none !important; box-shadow: none !important; font-size: 14pt;"><strong style="text-shadow: none !important; box-shadow: none !important;">M&eacute;rces da Silva Nunes:</strong>&nbsp;A Constitui&ccedil;&atilde;o Federal &eacute; o limite. O artigo 5&ordm;, inciso II disp&otilde;e que &ldquo;ningu&eacute;m ser&aacute; obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa sen&atilde;o em virtude de lei&rdquo; e o inciso VIII, assegura que &ldquo;ningu&eacute;m ser&aacute; privado de direitos por motivo de cren&ccedil;a religiosa ou de convic&ccedil;&atilde;o filos&oacute;fica ou pol&iacute;tica, salvo se as invocar para eximir-se de obriga&ccedil;&atilde;o legal a todos imposta e recusar-se a cumprir presta&ccedil;&atilde;o alternativa, fixada em lei;&rdquo; Da interpreta&ccedil;&atilde;o conjugada dos referidos incisos infere-se que o limite da autonomia individual de uma fam&iacute;lia, em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; vacina&ccedil;&atilde;o obrigat&oacute;ria, &eacute; a Lei, o pr&oacute;prio comando normativo inserto no Estatuto da Crian&ccedil;a e do Adolescente que, em seu artigo 14, &sect;1&ordm; estabelece a obrigatoriedade da vacina&ccedil;&atilde;o, nos casos recomendados pelas autoridades sanit&aacute;rias. Portanto, o Programa Nacional de Imuniza&ccedil;&atilde;o (PNI/MS), que estabelece o cronograma de vacina&ccedil;&atilde;o infantil obrigat&oacute;ria, d&aacute; efetividade ao ECA e deve ser concebido como verdadeiro instrumento de prote&ccedil;&atilde;o da vida e da sa&uacute;de da crian&ccedil;a e do adolescente.</span></p> <p style="margin-bottom: 1em; color: rgb(38, 38, 38); font-family: Arial; font-size: 14.6667px; text-align: justify; text-shadow: none !important; box-shadow: none !important;"> <strong style="text-shadow: none !important; box-shadow: none !important;"><span style="text-shadow: none !important; box-shadow: none !important; font-size: 14pt;"><em style="text-shadow: none !important; box-shadow: none !important;">Sendo a decis&atilde;o do STF de repercuss&atilde;o geral, ela incidir&aacute; sobre as demais inst&acirc;ncias. Caso a decis&atilde;o seja favor&aacute;vel &agrave; liberdade individual da fam&iacute;lia, qual o preju&iacute;zo para a sa&uacute;de p&uacute;blica isso poderia causar?</em></span></strong></p> <p style="margin-bottom: 1em; color: rgb(38, 38, 38); font-family: Arial; font-size: 14.6667px; text-align: justify; text-shadow: none !important; box-shadow: none !important;"> <span style="text-shadow: none !important; box-shadow: none !important; font-size: 14pt;"><strong style="text-shadow: none !important; box-shadow: none !important;">M&eacute;rces da Silva Nunes:</strong>&nbsp;Na hip&oacute;tese de a decis&atilde;o do STF favorecer o direito &agrave; liberdade individual da fam&iacute;lia em detrimento do interesse coletivo, haver&aacute; um s&eacute;rio e irrevers&iacute;vel dano &agrave; coletividade. Primeiro, a pr&oacute;pria Constitui&ccedil;&atilde;o Federal ter&aacute; sido diretamente violada em disposi&ccedil;&otilde;es espec&iacute;ficas contr&aacute;rias a este posicionamento do STF que, na qualidade de guardi&atilde;o a CF, deveria ser o primeiro a procurar manter a integridade e a inviolabilidade da Lei Maior. Segundo, o pr&oacute;prio ECA ter&aacute; sido violado em sua ess&ecirc;ncia, que &eacute; a de proteger a vida e a sa&uacute;de de crian&ccedil;as e adolescentes. Al&eacute;m disso, a a sociedade ficar&aacute; injustamente exposta ao risco de contamina&ccedil;&atilde;o por doen&ccedil;as que poderiam ser evitadas. E a eventual contamina&ccedil;&atilde;o dessas crian&ccedil;as e adolescentes - que deixaram de ser imunizados - representar&aacute; um &ocirc;nus para a sociedade, pois o Sistema &Uacute;nico de Sa&uacute;de dever&aacute; atender essa popula&ccedil;&atilde;o e tratar as sequelas permanentes deixadas pelas doen&ccedil;as.</span></p> <p style="margin-bottom: 1em; color: rgb(38, 38, 38); font-family: Arial; font-size: 14.6667px; text-align: justify; text-shadow: none !important; box-shadow: none !important;"> <span style="text-shadow: none !important; box-shadow: none !important; font-size: 14pt;"><strong style="text-shadow: none !important; box-shadow: none !important;">Perfil da fonte:</strong></span></p> <p style="margin-bottom: 1em; color: rgb(38, 38, 38); font-family: Arial; font-size: 14.6667px; text-align: justify; text-shadow: none !important; box-shadow: none !important;"> <span style="text-shadow: none !important; box-shadow: none !important; font-size: 14pt;"><strong style="text-shadow: none !important; box-shadow: none !important;">M&eacute;rces da Silva Nunes</strong>&nbsp;possui gradua&ccedil;&atilde;o em direito - Institui&ccedil;&atilde;o Toledo de Ensino - Faculdade de Direito de Ara&ccedil;atuba, mestrado em Direito pela Pontif&iacute;cia Universidade Cat&oacute;lica de S&atilde;o Paulo (2006) e Doutorado em Direito pela Pontif&iacute;cia Universidade Cat&oacute;lica de S&atilde;o Paulo. Advogada - s&oacute;cia titular da Silva Nunes Advogados Associados. Autora de obras e artigos sobre Direito M&eacute;dico.</span></p>

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