27/09/2019 09h48
ESPA?O DEMOCR?TICO: ENTREVISTA COM GUSTAVO PRANDINI
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O BOM DIA dessa semana traz como entrevistado o ex-prefeito Gustavo Prandini. Embora ele não se declare candidato, seu nome é citado em diversas pesquisas. Gustavo está retornando a Monlevade pela advocacia. Está remontando seu escritório na cidade. Mas é claro que a política acaba aparecendo no radar. Vamos à entrevista.</p>
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BOM DIA - Você acaba de anunciar seu novo escritório de advogacia em João Monlevade. Isso significa um retorno definitivo?</div>
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GUSTAVO PRANDINI - Definitivo na vida somente a morte, não é? É bom estar de volta à cidade, estar mais próximo da família. E já estou com meu escritório de advocacia na cidade funcionando. Estas escolhas do presente sim, são definitivas. </div>
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BOM DIA - Você gosta da política e acredita na política como instrumento de transformação. Cogita a possibilidade de um retorno à prefeitura ou a tendência é a câmara?</div>
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GUSTAVO PRANDINI - Nenhum dos dois. Meu objetivo atual é atender bem aqueles que me procuram no escritório de advocacia. Há várias formas de contribuir com a comunidade local. </div>
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BOM DIA - Você está em qual partido hoje mesmo? Pretende continuar ou cogita mudar de legenda?</div>
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GUSTAVO PRANDINI - Hoje não estou em partido nenhum. Aliás, estou há 7 anos sem estar filiado a partido político. </div>
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BOM DIA - Houve muito tititi em cima de um encontro seu com Carlos Moreira, afinal, vocês eram adversários ferrenhos. Houve boatos até de que você poderia sair como vice numa chapa com ele ou Simone. Depois veio outro tititi de que você estaria pleiteando a procuradoria, com apoio do Moreira. O que existe de real e de boato?</div>
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GUSTAVO PRANDINI - Recentemente conversei com Carlos e com a Prefeita. Vejo isso de forma natural, trocar ideias, experiências, superar diferenças. Infelizmente, o país vive um momento em que parcela das pessoas parece optar pelo ódio, ataques pessoais e isso acaba acontecendo em Monlevade também. Sempre teve gente assim, mas agora parece que há uma parcela maior sendo influenciada por este discurso de ódio. Nunca acreditei que este seja o caminho para algo bom. Mas quanto ao que importa, não discutimos candidaturas para o ano que vem, muito menos este cargo da Câmara que vagou recentemente. Se meu nome foi cogitado fico muito grato, não cheguei a ser ouvido sobre o assunto, mas estou certo de que o Pastorini e a Grazieli farão um ótimo trabalho. Como eu já disse antes, acho que todos ex prefeitos e vice prefeitos deviam conversar mais, pelo bem da cidade. Nestas nossas recentes conversas dei até uma sugestão técnica e tive notícia que já há resultado muito positivo para a cidade. Então, fico feliz. Por que eu deveria torcer para dar errado?</div>
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BOM DIA - O que você pensa quando vê que projetos como a Linha Azul, Parque do Areão, Memorial do Aço, as ETEs, entre outros ficaram parados, e outros espaços ficaram praticamente abandonados, virando ruína como foi constatado no Estádio Louis Ensch recentemente. </div>
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GUSTAVO PRANDINI - Não visitei o estádio recentemente, não posso falar que esteja “em ruína”. Mas li alguns falando do passado. Os eventos que fizemos lá no meu Governo foram sucesso de público, de logística no trânsito e estacionamento, e o gramado foi preservado. Uma comissão que tinha vereador da oposição acompanhou tudo. Mas sempre tem gente pra só torcer contra. No mais, quanto aos projetos que você citou, que deixei prontos ou bem encaminhados, realmente acredito que o melhor caminho seria que tivessem dado andamento. </div>
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BOM DIA - Você já foi prefeito e sabe que muitas vezes alguns empréstimos chegam pra salvar a lavoura.. O que acha sobre esses empréstimos que a prefeitura tá pegando agora?</div>
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GUSTAVO PRANDINI - Financiamento de obras são coisas normais em qualquer governo, no mundo todo. Aliás, grandes empresas também pegam financiamento para expansões e novos investimentos. O que importa é a questão técnica. As obras propostas são importantes? O Município está dentro do limite de capacidade de endividamento? Os juros são baixos? Os ótimos servidores da prefeitura, a Érica, a Silvana, a Angélica, o Adílson, o Eduardo e tantos outros podem responder isso. Se a resposta for sim, as críticas externas talvez sejam daqueles que torcem contra. </div>
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BOM DIA - Sobre o trânsito no centro, problema que vem se agravando com os anos. A prefeitura tentou intervenções recentemente que não deram certo. A partir da sua experiência até em um centro maior, como você lidaria com a situação hoje?</div>
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GUSTAVO PRANDINI - Primeiro, não estou certo de sua afirmação de que as intervenções simplesmente não deram certo. Parte delas pode ter dado certo e parte não. Mas eu teria sim, contratado previamente um projeto técnico conceitual, que depois se transformaria num projeto executivo, e por fim viria a execução. </div>
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BOM DIA - Daqui a pouco entra a temporada das enchentes. Lembro-me que no seu governo fizeram até memes de você num jetski na enxurrada. O Djalma em sua entrevista abordou o assunto e deu opiniões relevantes. Hoje, como você trataria do problema?</div>
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GUSTAVO PRANDINI - Nos 4 anos do meu governo tivemos o problema extra de mais chuvas do que nestes últimos anos. Fizemos várias obras que resolveram parcialmente o problema. Não há almoço grátis e a solução definitiva para uma cidade encravada entre montanhas como a nossa exige investimentos e concordo com as ações que o Djalma apontou como necessárias. </div>
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BOM DIA - Esses dias, por causa da reabertura do seu escritório de advocacia, você está mais em João Monlevade, conversando, se re-conectando com as pessoas. Quais as principais demandas do povo no seu ver. O que o povo reclama e pede?</div>
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GUSTAVO PRANDINI - Difícil dizer. São praticamente 80 mil pessoas. Regiões e bairros diferentes. Sobretudo, situação de vida diferente. Quem está bem empregado, tem sua casa e seu carro, tem uma demanda X perante o Poder Público. Quem está desempregado, paga aluguel, precisa do transporte coletivo tem uma demanda Y. Mas posso dizer que algumas demandas me parecem comuns: cidade limpa e vias públicas bem cuidadas, educação pública de qualidade e funcionamento adequado do Sistema de Saúde, mais lazer e cultura. Por outro lado, penso que precisamos valorizar mais aspectos positivos da cidade. Temos índices de qualidade superior a grande parte das cidades mineiras. Uma família não tem harmonia se ficar somente um irmão criticando o outro. É preciso encarar e tratar os problemas mas valorizando e preservando o que tem de bom. </div>
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BOM DIA - Na área da saúde, levando em consideração o que observou em sua gestão e que perduram hoje em dia. Você tentaria outras soluções para o complexo sistema de saúde pública de Monlevade? </div>
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GUSTAVO PRANDINI - Muitas vezes quem mora aqui só percebe o quanto a cidade é boa quando viaja a trabalho ou férias e precisa do serviço público em outra cidade. Já ouvi muita gente falando que viajou no carnaval, teve um problema de saúde e foi pessimamente atendido na cidade onde estava. E aí reconhece que temos problemas, mas que temos muita coisa funcionando bem também. Precisamos sempre melhorar, temos deficiências, mas há alguns serviços funcionando melhor que em cidades muito maiores. E para algumas ideias concretas e viáveis para melhorar o sistema de saúde local eu precisaria de um diagnóstico atualizado. </div>
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BOM DIA - Há pouco tempo um político da região me falou que Cultura não dá voto e não enche a barriga de ninguém, que não dá voto e portanto não deve ser priorizada. Será que o voto é a única moeda vigente? Não acha que falta mais espaço para a fruição da arte e da cultura? </div>
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GUSTAVO PRANDINI - Minhas ações quando Prefeito falam por mim sobre o que penso da Cultura e Lazer. Mais que duplicamos nossa pontuação no ICMS cultural. Promovemos concursos literários e fotográficos e produzimos publicações com as obras. Realizamos o FESTIAÇO (festival da canção), com artistas de vários cantos do país. Tivemos o FESTIVAL DE ARTES CÊNICAS, que movimentou a cidade e promoveu oficinas para os artistas locais, semente para alguns grupos de teatro que existem hoje na cidade. Em todas as festas da cidade promovidas pela Prefeitura, absolutamente todas, garantimos participação dos artistas locais na programação , além de termos lançado o projeto Mais que Rock para bandas e artistas da cidade, valorizando todos os segmentos. Semana passada mesmo o Adriano da banda Concreto me falou como foi bacana a oportunidade de terem feito um show na Praça do Povo durante meu governo. Resgatamos o carnaval de rua com PRÉ-FOLIA e seus blocos, a cada ano maior, compostos pelos grupos de terceira idade , pelos universitários e tantos outros. Encantamos a cidade, resgatando o espírito natalino com os enfeites da Natal nas praças públicas. Estimulamos e apoiamos lançamento de livros de autores monlevadenses, como o Jairo, o Ventania e outros. Realizamos projetos ousados e pioneiros como a gravação do CD “Cenas da Periferia”, com de músicas de funk, rap e hip hop de artistas da cidade. A Fundação Casa de Cultura recebeu sede própria, deixando e pagar aluguel e de trocar de lugar. Investimos nas Guardas de Marujo e Congado. Promovemos a Primeira Conferência Municipal de Cultura. Paro aqui, mas teve mais. </div>
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BOM DIA - Pra você, quais são as palavras do futuro: esperança, austeridade ou as duas?</div>
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GUSTAVO PRANDINI - Quem sou eu para saber as palavras do futuro. Você falou esperança e austeridade. Não vejo nenhum conflito entre as duas. Mas veja, esperança vem de “esperar”. Ao invés de esperar, acho é que temos que fazer nossas escolhas e agir no presente. O Brasil vive um período de retrocessos, Monlevade pode ser um espaço de resistência, de liberdade, de luta, mas com diálogo e união, com valores que agregam ao invés de dividir as pessoas. A união em torno de coisas simples pode trazer evoluções e melhorias surpreendentes. </div>