22/02/2019 17h27
Vale acelera implanta??o do PAEBM em Rio Piracicaba e popula??o promove manifesta??o pedindo fim das barragens
<p>
Após enrolar durante quase oito anos, a Vale finalmente está empenhada a implantar o Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM) em Rio Piracicaba. Pelo menos é o que demonstra com a apresentação do plano e do cronograma de ações à Defesa Civil da cidade.</p>
<p>
A demora em implantar o serviço, que conta com legislação obrigatória desde 2010, não foi por falta de cobrança, principalmente pela imprensa local e pela Defesa Civil da cidade, que tem empenhado em resolver as demandas do município na área de prevenção.</p>
<p>
Durante anos, até o rompimento da barragem de Fundão em Mariana precisamente, em 2015, a empresa nem comentava a respeito de sua obrigação em implantar as ações de segurança. Entretanto, após aquela tragédia, onde, caso houvesse o PAEBM muitas vidas seriam salvas, a legislação veio a tona.</p>
<p>
A partir daí tanto governos quanto a imprensa passou a cobrar a implantação dos sistemas de alertas e o treinamento da população para situações de emergência, mas somente no início de 2017 que a Vale iniciou efetivamente um processo preparativo para cumprir a legislação.</p>
<p>
Diante da situação de risco que as populações vivem, o que deveria ter sido implantado no máximo em um ano, já que estavam descumprindo a legislação que era de 2010, veio se arrastando até uma nova tragédia – dessa vez em Brumadinho, 25 de janeiro de 2019 – mais uma vez o PAEBM naquela localidade não funcionou.</p>
<p>
Em meio a tantas tragédias as populações que vivem abaixo destas estruturas finalmente acordaram para o risco real e a partir daí iniciaram uma cobrança sistemática de soluções para as situações.</p>
<p>
<strong>Continuidade em Rio Piracicaba</strong></p>
<p>
Após a tragédia de Brumadinho, ainda sob a emoção causada pelo fato, Vale, executivo, legislativo e sociedade civil iniciaram discussões sobre a conclusão do PAEBM na cidade.</p>
<p>
O cronograma, que havia sido entregue à Defesa Civil no início de dezembro de 2018, após muita cobrança, apresentava a continuidade das ações, como reuniões com as comunidades que seriam atingidas com um suposto rompimento e a instalação de sinalização de rotas de fugas e pontos de encontro entre outros serviços correlatos ao plano.</p>
<p>
Entretanto, por falta de transparência da empresa, a continuidade do processo caiu como uma situação de emergência na cidade, causando pânico generalizado em toda população: “Se não houvesse risco eminente não estariam correndo para preparar a população”, esse é o comentário mais ouvido na cidade.</p>
<p>
<strong>Reuniões sem foco</strong></p>
<p>
As reuniões que deveriam ter o foco nas questões de segurança, diane à falta de comunicação da empresa nos últimos anos tem se transformado em verdadeiras audiências públicas onde a maioria pede o fim das barragens.</p>
<p>
As questões básicas como: onde a lama atinge? Quanto tempo para chegar em determinado ponto? Para onde correr? Acabam se perdendo em meio a tantas desinformações e especulações, tornando essas reuniões cansativas e improdutivas.</p>
<p>
<strong> Manifestação</strong></p>
<p>
O medo tomou conta da cidade e começa a refletir na economia local com a desvalorização de imóveis localizados na “mancha” da lama, ou seja – onde a lama destruiria em um possível rompimento das barragens da cidade, principalmente a do Diogo.</p>
<p>
Diante desse pânico e insegurança, populares promoveram uma manifestação na última quinta-feira, 21 e mesmo debaixo de chuva um considerável número de pessoas, portando cartazes e proferindo frases de efeito, demonstravam a insatisfação com uma “mineração insustentável”, pedindo o fim das barragens.</p>
<p>
A manifestação partiu do bairro Praia e seguiu pelas ruas da cidade, fazendo uma parada na sede do executivo municipal e posteriormente seguindo até a portaria da Vale, no bairro Louis Ensch.</p>
<p style="text-align: right;">
<em>Fotos Ramon Bertolini</em></p>