Bom Dia - O Diário do Médio Piracicaba

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04/01/2019 10h08

Grupos de socorristas volunt?rios suspendem atendimentos ap?s nova lei em Minas

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<p style="text-align: justify;"> <strong>Geral -</strong>Entidades que re&uacute;nem 1,8 mil pessoas que atuam como socorristas volunt&aacute;rios est&atilde;o com as atividades suspensas em Minas Gerais. O motivo &eacute; a inadequa&ccedil;&atilde;o a uma lei estadual, regulamentada por uma portaria do Corpo de Bombeiros, que disciplina a atua&ccedil;&atilde;o em atividades de compet&ecirc;ncia dos militares, como busca e salvamento, preven&ccedil;&atilde;o e combate a inc&ecirc;ndio e p&acirc;nico e atendimento pr&eacute;-hospitalar. Representantes das institui&ccedil;&otilde;es que abrigam os volunt&aacute;rios dizem que a exig&ecirc;ncia exclusiva de m&eacute;dicos, enfermeiros e t&eacute;cnicos de enfermagem para atuar diretamente com as v&iacute;timas inviabiliza o trabalho, que significa 40,5 mil atendimentos por ano no estado. A maioria dos volunt&aacute;rios &eacute; composta de bombeiros civis, que recebem uma s&eacute;rie de treinamentos para atuar em acidentes de tr&acirc;nsito e outros tipos de ocorr&ecirc;ncia. Os grupos de socorristas tamb&eacute;m pontuam que, ao impor regras que inviabilizam a atividade, a lei vai dificultar a vida da popula&ccedil;&atilde;o que vive longe de cidades onde h&aacute; presen&ccedil;a dos bombeiros militares. A corpora&ccedil;&atilde;o, por sua vez, sustenta que a legisla&ccedil;&atilde;o vem para regularizar tarefas de grande responsabilidade que eram realizadas sem controle e trazem os preceitos estipulados pelo Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de.</p> <p style="text-align: justify;"> O contexto por tr&aacute;s da suspens&atilde;o das atividades dos volunt&aacute;rios, que foi anunciada na ter&ccedil;a-feira, come&ccedil;ou a se desenhar em janeiro de 2018, com a san&ccedil;&atilde;o da Lei Estadual 22.389, que disciplina o exerc&iacute;cio das atividades de compet&ecirc;ncia do Corpo de Bombeiros por volunt&aacute;rios, profissionais e institui&ccedil;&otilde;es civis. A norma diz que s&atilde;o tarefas de compet&ecirc;ncia dos militares a preven&ccedil;&atilde;o e combate a inc&ecirc;ndio e p&acirc;nico, busca e salvamento e atendimento pr&eacute;-hospitalar. Segundo a lei, torna-se responsabilidade do Corpo de Bombeiros criar requisitos para o credenciamento de volunt&aacute;rios, para regulamentar cursos de forma&ccedil;&atilde;o de volunt&aacute;rios, para padronizar uniformes e ve&iacute;culos usados nos atendimentos.</p> <p style="text-align: justify;"> Em julho, a Portaria 33, publicada pelos bombeiros, regulamentou a lei e trouxe maior detalhamento da norma. Ela deu prazo at&eacute; o fim de 2018 para os grupos se adequarem &agrave;s determina&ccedil;&otilde;es, sob pena de advert&ecirc;ncia, multa e interdi&ccedil;&atilde;o da atividade se continuassem atuando, a partir de ontem, fora das regras. A norma que mais incomodou os grupos volunt&aacute;rios foi a que exige que somente m&eacute;dicos, enfermeiros ou t&eacute;cnicos de enfermagem atuem diretamente no contato com v&iacute;timas em caso de atendimentos pr&eacute;-hospitalares. Sem condi&ccedil;&otilde;es de atender essa determina&ccedil;&atilde;o, os grupos pararam de fazer os resgates. O presidente da Associa&ccedil;&atilde;o de Bombeiros Volunt&aacute;rios e Equipes de Resgate Volunt&aacute;rio do Estado de Minas Gerais (Volunterminas), Fabricio de Oliveira Coelho, diz que essa exig&ecirc;ncia &eacute; praticamente imposs&iacute;vel de ser cumprida, pois a grande maioria dos volunt&aacute;rios &eacute; de pessoas formadas para atuar como bombeiros civis, que passam por uma s&eacute;rie de treinamentos que capacitam para atua&ccedil;&atilde;o em salvamentos, resgates e socorro de v&iacute;timas.</p> <p style="text-align: justify;"> &ldquo;Os volunt&aacute;rios que atuam dentro do estado t&ecirc;m capacita&ccedil;&atilde;o para prestar o servi&ccedil;o. Os profissionais recebem treinamentos de qualifica&ccedil;&atilde;o de acordo com a realidade do munic&iacute;pio em que atuam&rdquo;, afirma Fabricio. Ele pontua que em muitos lugares do estado o atendimento ocupa uma lacuna deixada exatamente pela aus&ecirc;ncia dos bombeiros naquele munic&iacute;pio. Ele coordena um grupo em Tr&ecirc;s Marias, na Regi&atilde;o Central do estado, e tem parceria com a prefeitura. As chamadas para o n&uacute;mero 199 s&atilde;o atendidas diretamente pelos volunt&aacute;rios. Um acidente na BR-040 no per&iacute;metro de Tr&ecirc;s Marias, por exemplo, deve ser atendido pelos bombeiros de Curvelo, a 130 quil&ocirc;metros. &ldquo;Entendemos que os bombeiros est&atilde;o cumprindo a lei, mas queremos que ela seja readequada&rdquo;, completa.</p> <p style="text-align: justify;"> <strong>BR 381</strong></p> <p style="text-align: justify;"> Um local de atua&ccedil;&atilde;o dos volunt&aacute;rios bastante conhecido &eacute; a BR-381, no trecho entre BH e Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, que ganhou o apelido de Rodovia da Morte pelo volume de acidentes e pela viol&ecirc;ncia das batidas frontais, que se repetem sem as obras de duplica&ccedil;&atilde;o prometidas h&aacute; anos. Quatro grupos volunt&aacute;rios atendem acidentes na 381, aumentando a capilaridade em lugares em que muitas vezes a chegada dos bombeiros ou do Servi&ccedil;o de Atendimento M&oacute;vel de Urg&ecirc;ncia (Samu) &eacute; complicada pela dist&acirc;ncia entre as bases e os pontos das batidas.</p> <p style="text-align: justify;"> O presidente do Servi&ccedil;o Volunt&aacute;rio de Resgate de Jo&atilde;o Monlevade (Sevor), Renato Luiz Carvalho, destaca que os bombeiros civis que trabalham como volunt&aacute;rios do Sevor recebem entre 250 e 300 horas de cursos de atendimento pr&eacute;-hospitalar, resgate e altura, desencarceramento de ve&iacute;culos, resgate aqu&aacute;tico e inc&ecirc;ndio. &ldquo;Nunca tivemos nenhum questionamento de conduta t&eacute;cnica errada. S&atilde;o 23 mil atendimentos desde 2000, quando fomos criados. Acho que a mortalidade vai aumentar pela falta de atendimento. Em Monlevade, a unidade mais pr&oacute;xima de bombeiros fica em Itabira. Mas s&atilde;o 40 quil&ocirc;metros de dist&acirc;ncia em um trecho sinuoso, que significa mais de uma hora de deslocamento at&eacute; a chegada dos militares&rdquo;, afirma.</p> <p style="text-align: justify;"> Carvalho pontua que a portaria &eacute; importante para regulamentar os servi&ccedil;os, principalmente a fiscaliza&ccedil;&atilde;o das escolas que ministram cursos que servem como prepara&ccedil;&atilde;o dos volunt&aacute;rios. Mas ele aponta que faltou discuss&atilde;o para encontrar uma forma de absorver o trabalho dessas pessoas sem a necessidade de interromper os servi&ccedil;os. Tanto ele quanto o presidente da Volunterminas dizem que os bombeiros foram procurados e um of&iacute;cio foi encaminhado em outubro ao comando-geral da corpora&ccedil;&atilde;o, por&eacute;m sem resposta. O Sevor organiza uma manifesta&ccedil;&atilde;o hoje, &agrave;s 18h, na porta da C&acirc;mara Municipal de Monlevade e tamb&eacute;m lan&ccedil;ou um abaixo-assinado na internet para manter as atividades do servi&ccedil;o.</p> <p style="text-align: justify;"> <strong>Conv&ecirc;nios como sa&iacute;da</strong></p> <p style="text-align: justify;"> O major Jo&atilde;o Guilherme Britto Vieira, que &eacute; chefe da Divis&atilde;o de Gest&atilde;o de Atividades Auxiliares do Corpo de Bombeiros, diz que a exig&ecirc;ncia de m&eacute;dicos, enfermeiros e t&eacute;cnicos de enfermagem para atuar nas ocorr&ecirc;ncias com v&iacute;timas &eacute; prevista em portaria do Minist&eacute;rio da Sa&uacute;de de 2002 que disciplina o atendimento pr&eacute;-hospitalar. &ldquo;Existe um lastro t&eacute;cnico cient&iacute;fico por tr&aacute;s dessa portaria. N&atilde;o estamos proibindo em hip&oacute;tese alguma a atividade dos volunt&aacute;rios. Isso n&atilde;o &eacute; verdade. S&oacute; que eles precisam se adequar. Uma atividade t&atilde;o importante como essa precisa estar aliada a um aparato t&eacute;cnico&rdquo;, diz o major.</p> <p style="text-align: justify;"> O militar destaca que o caminho mais adequado para os socorristas &eacute; procurar a Secretaria de Estado de Sa&uacute;de para que os grupos de resgate volunt&aacute;rio sejam reconhecidos como institui&ccedil;&otilde;es que prestam um servi&ccedil;o de relev&acirc;ncia devidamente conveniado com o estado. A partir da&iacute; &eacute; poss&iacute;vel buscar o credenciamento junto ao Corpo de Bombeiros, mesmo com profissionais que n&atilde;o sejam m&eacute;dicos, enfermeiros e t&eacute;cnicos de enfermagem na linha de frente. Por&eacute;m, o major destaca que as associa&ccedil;&otilde;es tiveram seis meses para buscar essa solu&ccedil;&atilde;o e n&atilde;o o fizeram.</p> <p style="text-align: justify;"> &ldquo;Entendemos os volunt&aacute;rios como parceiros e reconhecemos que eles promovem um servi&ccedil;o de relev&acirc;ncia, s&oacute; que esse servi&ccedil;o tem que estar de acordo com as normas. Precisamos ter a garantia de que as pessoas est&atilde;o bem treinadas. Sei que determinado volunt&aacute;rio tem a prepara&ccedil;&atilde;o, mas se voc&ecirc; quiser pode criar agora uma brigada de inc&ecirc;ndio e n&atilde;o havia at&eacute; ent&atilde;o nenhuma norma para regulamentar isso&rdquo;, afirma. O major confirma que os bombeiros receberam um of&iacute;cio dos volunt&aacute;rios, mas que, em virtude da quantidade de questionamentos, o documento ainda est&aacute; sendo respondido. Outras orienta&ccedil;&otilde;es j&aacute; foram repassadas pessoalmente em encontro com representante dos volunt&aacute;rios, conforme o militar.</p> <p style="text-align: justify;"> <strong>Fonte: EM</strong></p>

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