Bom Dia - O Diário do Médio Piracicaba

notícias

09/03/2018 09h56

Os Sinos - Como a lei brasileira v? a mulher?

Compartilhe
<p> De um ponto de vista estritamente jur&iacute;dico, a igualdade entre homens e mulheres no Brasil &eacute; quase plena. &Eacute; uma informa&ccedil;&atilde;o destoante da realidade do dia a dia, mas tamb&eacute;m impressionante quando se compara a legisla&ccedil;&atilde;o brasileira com as demais. Na minha experi&ecirc;ncia com a equipe do Mulheres, Empresas e o Direito, vieram &agrave; tona dados surpreendentes. Conhe&ccedil;a alguns deles a seguir.</p> <p> <strong>At&eacute; 1988, s&oacute; o homem era considerado chefe de fam&iacute;lia</strong></p> <p> Apesar de o Brasil ter ratificado a Conven&ccedil;&atilde;o sobre a Elimina&ccedil;&atilde;o de Todas as Formas de Discrimina&ccedil;&atilde;o, em 1984, foi s&oacute; com a Constitui&ccedil;&atilde;o de 1988 que alguns dispositivos discriminat&oacute;rios do C&oacute;digo Civil ca&iacute;ram. At&eacute; ent&atilde;o, apenas o homem era considerado chefe de fam&iacute;lia e respons&aacute;vel por administrar o lar e o patrim&ocirc;nio conjugal.</p> <p> <strong>Dezoito anos &eacute; a idade legal para o casamento de meninas, mas&hellip;</strong></p> <p> Embora o Brasil estipule em 18 anos a idade legal para o casamento de meninas e preveja a anula&ccedil;&atilde;o do casamento infantil, a lei autoriza que meninas se casem a partir dos 16 se tiverem o consentimento dos pais. Al&eacute;m disso, a lei permite o matrim&ocirc;nio a qualquer idade se a menina estiver gr&aacute;vida. Resultado: o Brasil tem o maior n&uacute;mero de casamentos infantis na Am&eacute;rica do Sul e o quarto n&uacute;mero mais alto do mundo.</p> <p> Al&eacute;m disso, 36% das meninas no Brasil j&aacute; est&atilde;o casadas aos 18 anos, como mostramos no novo relat&oacute;rio Fechando a Brecha: Melhorando as Leis de Prote&ccedil;&atilde;o &agrave; Mulher contra a Viol&ecirc;ncia. Tamb&eacute;m vale destacar que 24 pa&iacute;ses da Am&eacute;rica Latina preveem pena a quem autorize o casamento precoce, mas o Brasil n&atilde;o est&aacute; entre eles.</p> <p> <strong>Faltam leis contra o ass&eacute;dio sexual na escola e em lugares p&uacute;blicos</strong></p> <p> Voc&ecirc; sabia que a legisla&ccedil;&atilde;o brasileira contra o ass&eacute;dio sexual no trabalho &eacute; forte? Em compensa&ccedil;&atilde;o, quando analisamos os dispositivos espec&iacute;ficos contra o ass&eacute;dio nas ruas, nos meios de transporte e outros espa&ccedil;os p&uacute;blicos, descobrimos que n&atilde;o existe legisla&ccedil;&atilde;o. O mesmo vale para as escolas.</p> <p> <strong>A discrimina&ccedil;&atilde;o no mercado de trabalho se d&aacute; de muitas formas</strong></p> <p> O Brasil pro&iacute;be a discrimina&ccedil;&atilde;o de g&ecirc;nero na hora da contrata&ccedil;&atilde;o, mas persistem algumas quest&otilde;es, como a salarial e o fato de os recrutadores poderem perguntar sobre o estado civil da mulher. Uma curiosidade &eacute; o fato de a trabalhadora poder fazer quase os mesmos of&iacute;cios do homem, menos os que exijam levantar peso.</p> <p> A Consolida&ccedil;&atilde;o das Leis do Trabalho pro&iacute;be a contrata&ccedil;&atilde;o de mulheres em servi&ccedil;o que demandem o emprego de for&ccedil;a muscular superior a 20kg para o trabalho cont&iacute;nuo ou 25kg para o trabalho ocasional. Curiosamente, esse &eacute; o peso m&eacute;dio de uma crian&ccedil;a de 5 anos. Pode-se inferir, portanto, que deveria haver legisla&ccedil;&atilde;o protegendo as m&atilde;es de carregar seus filhos no colo, n&atilde;o &eacute;?</p> <p> <strong>A m&atilde;e trabalhadora concentra os cuidados com os filhos</strong></p> <p> No Brasil, a licen&ccedil;a-maternidade dura no m&aacute;ximo seis meses; a paternidade, 20 dias. J&aacute; os pa&iacute;ses n&oacute;rdicos, Portugal e outros t&ecirc;m come&ccedil;ado a tratar da quest&atilde;o da licen&ccedil;a como um direito a ser compartilhado entre os pais. Trata-se da licen&ccedil;a parental, que em geral &eacute; de longa dura&ccedil;&atilde;o.</p> <p> Conv&eacute;m notar que isso afeta as oportunidades da mulher na hora da contrata&ccedil;&atilde;o. Um empregador, ao deparar-se com dois candidatos jovens, um homem e uma mulher, geralmente leva em considera&ccedil;&atilde;o o fato de que ela lhe trar&aacute; &ocirc;nus adicionais em fun&ccedil;&atilde;o da maternidade. Mas, quando a licen&ccedil;a passa a ser compartilhada, tal paradigma muda, e mesmo esse &ocirc;nus passa a ser dividido.</p> <p> <em><strong>*Por Paula Tavares, especialista em Desenvolvimento do Setor Privado do Banco Mundial e autora do estudo &ldquo;Fechando a Brecha: Melhorando as Leis de Prote&ccedil;&atilde;o &agrave; Mulher contra a Viol&ecirc;ncia&rdquo;*</strong></em></p> <p> <em><strong>*Artigo originalmente publicado no The Huffington Post Brasil, em 11 de mar&ccedil;o de 2017</strong></em></p>

Bom Dia Online- Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.

by Mediaplus