23/12/2016 07h17
RETROSPECTIVA 2016 - MEDIOPIRA
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Na edição de retrospectiva, procuramos pinçar uma pergunta interessante de cada entrevistado, compondo um painel bem bacana do cenário atual. Agradecemos a generosidadade do pessoal do do Souldusamba, da Banda Concreto, Sylvanna Martins, Márcio Greyck, Chico Franco, Marçal Jr, Alesandra Alves, Raphael Godoy, Igor Venal, Banda Djambé, Mike Santos, Mary Eventos, Camila Calais, Bar Na Laje 67 e espaço Kissussêgu, Wir Caetano, Cleber Camargo Guimarães, Mestre Junei e Lutécia Espeschit.</p>
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<strong>MEDIOPIRA -</strong> Como as pessoas tem reagido aos shows de vocês? Elas tem interagido?</p>
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<strong>Souldusamba - </strong>O segredo é sermos extremamente interativos, é dar o tom e deixar a galera cantar. Se colocarmos uma musica e o povo não cantar, se não funcionar tá fora lkkkk. Acreditamos em música simples que faça o povo cantar. O simples sempre foi mais bonito.</p>
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<strong>MEDIOPIRA -</strong> Vocês integram uma banda de rock pesado que de certa forma foi na contramão das outras bandas do gênero ao compor suas músicas em português. Até que ponto isso prejudica ou beneficia vocês?</p>
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<strong>BANDA CONCRETO :</strong> É muito difícil cantar rock pesado em português sem soar piegas, mas é o que sai da gente. Não direcionamos nada, apenas deixamos fluir sem amarras. Rock in Rio mais Rock Brasil '80 misturou na nossa cabeça e começamos a cantar pesado e em português. Cantarmos praticamente só em português acredito que nos torna diferentes.</p>
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<strong>MEDIOPIRA -</strong> Você já se apresentou em todo tipo de espaços. Desde churrascarias até mega-palcos pelo país afora. Qual foi a maior e a menor estrutura em que se apresentou?</p>
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<strong>SYLVANNA MARTINS -</strong> Já cantei em palcos de todos os tipos, em feiras agropecuárias de grande porte, abrindo shows de sertanejos famosos, também em caminhão ou palanques caindo aos pedaços. A menor estrutura creio que em barzinhos, onde não tem palco, canto junto das pessoas, mas é muito gratificante também pois, pela proximidade percebo muito mais o carinho das pessoas com o meu trabalho</p>
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<strong>MEDIOPIRA -</strong> Você fez parte daquela geração de cantores como Agnaldo Raiol, Odair José, Antônio Marcos, Fernando Mendes. Você também se considera brega? Tem algum problema com o rótulo?</p>
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<em><strong>MARCIO GREYCK -</strong>Aprendi a não crer nos rótulos e a deixar que o próprio público defina o que é ser brega ou não, independentes do contexto em que você se insere! Não tenho preconceito algum com esse estigma que para mim já se misturou com vários outros conceitos, mas que na verdade, parte do principio do que é popular!</em></p>
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<strong>MEDIOPIRA - </strong>Que conselhos você daria aos artistas de hoje? Popularesco ou arte pela arte?</p>
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<strong>CHICO FRANCO - </strong>Arte pela arte. Popularesco já temos muito que figuram ai em duplas, que estão todos os dias nas telas da televisão, que atormentam nossos ouvidos nos carros de som, enfim, precisamos é de novos Grande Otelo, Paulo Autran, Bibi Ferreira, Tom Jobim e outros tantos para purificarem esses ares que estamos respirando ultimamente.</p>
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<strong>MEDIOPIRA -</strong> Os itabiranos preferem trabalhos autorais ou se comportam como na maioria das cidades, preferindo os covers que os trabalhos autorais?</p>
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<strong>MARÇAL JR - </strong>Parece que isso é regra geral, diria que aqui não difere do contexto, acho que a proporção é de 90 contra 10% infelizmente.</p>
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<strong>MEDIOPIRA-</strong> Muitos encaram a arte como hobby, nunca como profissão. O que você tem a dizer sobre isso? </p>
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<strong>Alesandra Alves</strong> -Como profissão, como hobby, como terapia, para embelezar, para encantar, para não enlouquecer. Não importa o motivo, causa ou razão. O importante é fazer Arte.</p>
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<strong>MEDIOPIRA - </strong>Muitos dos seus sonetos pintam cenários, tem personagens exuberantes (principalmente mulheres), contam histórias nem sempre politicamente corretas. O Raphael poeta briga muito com o Raphael pessoa?</p>
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<strong>RAPHAEL GODOY</strong> - <em>A gente já brigou mais, mas recentemente temos andado bem um com o outro. Por mais que eu me aproveite de histórias, verdades e sentimentos de outras pessoas, quem lê, acredita que aquele é o sentimento do Raphael e não daquele personagem inventado para escrever aquele soneto. Então, chega uma altura que eu tive que escolher, ou eu escrevia para agradar a mim e as pessoas que comungam dos mesmos valores e histórias que eu, ou escrevia para tocar cada vez mais pessoas. Eu escolhi a segunda opção.</em></p>
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<strong>MEDIOPIRA</strong> -Vocês acham que a internet ajuda ou atrapalha o artista?</p>
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<strong>IGOR VENAL </strong>- Sem a internet sequer teríamos lançado a Single. Devemos tudo à mídia virtual.</p>
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<strong>MEDIOPIRA -</strong> Já vi vocês cantando temas filosóficos, espirituais, políticos. O que o Djambê quer gritar pro mundo?</p>
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<strong>BANDA DJAMBÉ </strong>- Acho o que a gente quer gritar é que cada um importa, sabe?! Cada pessoa! Cada um de nós tem um papel fundamental pro mundo ser um lugar melhor, de paz, ou o inverso. E pra isso precisamos reconhecer quem somos na essência e o que nos foi imposto culturalmente e romper com isso. Acho que é a busca pela revolução interna mesmo, deixar práticas que fazem mal para nós (vícios, etc) e para os outros (racismo, sexíssimo, homofobia, especismo...). Você importa! Revolucione-se!</p>
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<strong>MEDIOPIRA.</strong> E o público? Tem um comportamento respeitoso e interativo com o artista? Ainda pintam aqueles sujeitos que gritam “ Toca Raul” depois de cada música?</p>
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<strong>MIKE SANTOS -</strong> Tem sim, já são sagrados os pedidos. Geralmente em apresentações menores, sou 100% levado pelo público do dia, que em certas ocasiões está mais MPB, em outras mais Rock, assim vamos variando o repertório também, e nos aventurando em diversos estilos. “Toca Raul” continua sendo um mantra na noite, mas sempre toco com prazer os sucessos do grande Raul Seixas.</p>
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<strong>MEDIOPIRA </strong>– Você trabalha hoje mais com a música sertaneja, que domina o mercado. O que acha da MPB?</p>
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<strong>MARY EVENTOS -</strong> A MPB é uma mistura de vários estilos e tem público específico. É sem dúvida uma escola para os demais ritmos.</p>
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<strong>MEDIOPIRA -</strong> Quando foi que você chegou a conclusão de que seria cantora, que seu dom iria virar profissão?</p>
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<strong>CAMILA CALAIS -</strong> Desde o primeiro momento já me sentia diferente, me sentia como se as musicas que eu interpretava precisassem de mim da mesma forma como que eu necessitava delas.</p>
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<strong>MEDIOPIRA –</strong> O que você projeta para a arte e cultura em tempos de Trumps e outros bichos?</p>
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<strong>WIR CAETANO -</strong>A arte já respondeu com vigor à muitos tempos duros, e acho que continuará a responder como se deve. Sempre é possível surgirem entraves à livre expressão, mas resistência também sempre acontece, com maior ou menor intensidade.</p>
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<strong>MEDIOPIRA- </strong>Percebi uma coisa que extrapola as preocupações normais da maioria dos bares, de oferecer climas, atmosferas, música diferente. É viagem minha?</p>
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<strong>NA LAJE -</strong> De forma alguma. Nossa maior preocupação aqui é de criar um clima único, e para isso utilizamos da decoração, luzes, música, para despertar sensações diferentes nas pessoas. A ideia é personalizar o ambiente, trocando os móveis de lugar de acordo com as reservas realizadas, alterar a decoração de acordo com a temática da noite. Enfim, fazer as pessoas sentirem que estão em um lugar realmente diferenciado. </p>
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<strong>MEDIOPIRA -</strong>Você certa vez sugeriu a baianização da música itabirana, tentando juntar a turma pra criar uma cena poderosa e focada. Deu certo?</p>
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<strong>CLEBER CAMARGO -</strong>Eu acho que é um processo. Nós todos estamos aprendendo e reaprendendo a arte da caminhada coletiva. Estamos no meio do caminho, com algumas pedras à frente, com alguma vontade na mente, com algumas certezas, com uma sorte invisível, mas estamos aprendendo sempre. Com os baianos e com os ipoemenses, precisamos aprender a arte da união e da generosidade em torno de um ideal que seja coletivo. Há muita semente pra plantar. Há mais frutos pra colher do que a gente possa imaginar.</p>
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<strong>MEDIOPIRA –</strong> Sobre seu jeito de lidar com os mais jovens. Já tive oportunidade de vê-lo em ação. Você é paizão, mas rigoroso. Como é que é isso?</p>
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<strong><em>Mestre Junei - </em></strong><em>S</em>ou apaixonado pela música e gosto muito de ensinar. Sou muito, muito, muito rigoroso porque acredito que sem disciplina não tem aprendizado. Mas sou coração mole, rs.</p>
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<strong>MEDIOPIRA –</strong> Há alguns anos a meninada quando chegava à adolescência queria tocar numa banda de rock ou jogar num time de futebol. O que a galera nova quer hoje?</p>
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<strong>Lutécia Espeschit-</strong> Iphone, rsrsrsrsrs.</p>