30/06/2016 20h08
Patriotismo ? flor da pele
<p>
As cores da bandeira americana cobrem o país nessa semana que antecede o “4 de Julho”, o dia da independência dos EUA. O vermelho, azul e branco estão por todos os lados, decorando casas e prédios, igrejas, ruas e carros. É muito comum, também, ver a bandeira americana nos cemitérios, em homenagem aos ex-combatentes de guerra.</p>
<p>
Mas a bandeira dos EUA não é vista apenas no 4<sup>o</sup> de Julho. Durante o ano inteiro, em todo país, os americanos têm orgulho de expor a sua bandeira. Grande ou pequena, nas casas mais simples ou nas mansões, no mastro, pintada ou esculpida na madeira... A bandeira do país faz parte da vida de todos, nos EUA. Todos: americanos, imigrantes e turistas.</p>
<p>
<strong>Amor à pátria</strong></p>
<p>
“Eu exibo uma bandeira na minha casa porque eu sou patriótico. Eu amo este país. Meus avós europeus vieram para os Estados Unidos para encontrar uma vida melhor para eles e seus filhos. Vieram sem falar Inglês, sem educação e sem dinheiro, mas estavam dispostos a trabalhar duro. Eu quero agradecer a meus antepassados por terem vindo para este país e este país por nos dar oportunidades. Expor a bandeira é a minha maneira de dizer: "Obrigado”! O depoimento é de Robert Barbera, que mora Long Island (New York).</p>
<p>
Para a imigrante brasileira Renata Costa, de Wobum, Massachusetts (MA), esse patriotismo é “lindo”. Segundo ela, “não é como nós brasileiros, que só colocamos a bandeira nas ruas e nos vestimos de verde e amarelo na Copa do Mundo, em jogos da Seleção de futebol ou em manifestações públicas. Eles têm orgulho da Nação deles”, afirma.</p>
<p>
Eliana Rosa, de Somerville (MA), conta que sai para o trabalho às cinco da manhã. “Todos os dias vejo uma bandeira americana enorme em frente à uma loja que vende carros. Ela fica toda ‘esplendorosa’ com o vento e eu me emociono ao ver como é lindo o patriotismo desse povo”.</p>
<p>
<strong>Admiração e respeito</strong></p>
<p>
A bandeira americana toca o coração dos imigrantes brasileiros nos EUA. “Eu acho linda a maneira como os americanos defendem o seu país e como eles falam ‘Deus abençoe a América’, sempre”, afirma Kelly Teixeira, de Malden (MA).</p>
<p>
“Admiro, respeito e quero ser como eles”, revela Maria Mercedes Venegas, de Miami (Flórida). “Também amo isso. Amo a bandeira deles”, acrescenta Valnoir Fernandes. Para o mineiro de Douradoquara, Victor Oliveira, “a origem desse patriotismo está no sangue”, relembrando uma história de lutas e conquistas do povo americano.</p>
<p>
Ken Martin, de Chicago (Illinois), confirma: “quando eu olho para a bandeira americana lembro-me de todos os sacrifícios que foram feitos no passado. Eu imagino aqueles fuzileiros navais aumentando as estrelas e listras, no Pacífico, durante a Segunda Guerra Mundial. Qual era o nome daquele filme de Clint Eastwood? Acho que foi ‘Bandeira dos Nossos Pais’. Bem, essa é a bandeira do meu pai”.</p>
<p>
<strong>Orgulho, respeito e solidariedade</strong></p>
<p>
George Stein, de Lexington (MA), relembra os tempos de criança. “Começávamos a escola todos os dias com a classe de pé. Iríamos homenagear a bandeira, colocar nossa mão direita sobre o coração e recitar o Juramento de Fidelidade: ‘Eu prometo a fidelidade à bandeira dos Estados Unidos da América e à República que ela representa, uma nação, sob Deus, indivisível, com liberdade e justiça para todos’. Hoje, adulto, eu me lembro do que me foi ensinado sobre o amor ao país. Eu não digo o Juramento todas as manhãs, mas eu exponho essa bandeira todos os dias”.</p>
<p>
Natural de Brasília, a imigrante Angélica N’Jaime afirma que o filho de apenas quatro anos de idade sabe o juramento à bandeira dos EUA, porque, segundo ela, as crianças ainda aprendem isso desde o início da pré-escola. “Eu tenho a bandeira do Brasil no quarto dele também e ensino-lhe o Hino Nacional Brasileiro. Percebo que patriotismo se aprende desde pequeno e eu quero que um dia meu filho tenha o mesmo sentimento pelo seu país”, diz.</p>
<p>
Cris Leo admite que sente um “orgulho inexplicável” quando vê a bandeira americana. “Adoro esse patriotismo, amo esse país”, conta.</p>
<p>
“Eu não sou americana, mas vivi aqui a maior parte da minha vida. Acho lindíssimo esse patriotismo. Eu tenho muito orgulho de ensinar isso ao meu filho e viver essa cultura cheia de respeito e solidariedade”, afirma Flávia Vaz de Souza, de Everett (MA). O seu esposo Vavá de Souza completa: “quando a gente vê aquela bandeira pendurada nas casas, lembramos que todo esse patriotismo vem da história desse país”.</p>
<p>
<strong>O que diz o especialista</strong></p>
<p>
Phd em Ciências Políticas e professor na Universidade de New Hampshire (UNH), o doutor Richard Aliano acredita que uma das razões subjacentes para o orgulho dos americanos e apego à sua bandeira é o fato de que este país é habitado por descendentes de imigrantes. Pessoas que vieram para a América em busca da liberdade e oportunidade que suas terras não podiam oferecer.</p>
<p>
Para o doutor Aliano, não há "etnicidade" americana a exemplo de países europeus, como a França ou a Alemanha. “Aqui, as pessoas têm sobrenomes que são italianos, irlandeses, poloneses, alemães etc. Para ser ‘americano’ é necessário assimilar a cultura política do país e não há maior símbolo do que as ‘estrelas e listras’. Afinal, até mesmo o nosso hino nacional fala sobre a bandeira estrelada", disse.</p>
<p>
O professor lembrou que existe, também, o rescaldo do terrorismo em solo americano, em 11 de setembro de 2001. Ele refere-se aos ataques às Torres Gêmeas, “o primeiro ataque estrangeiro real no continente, desde que os ingleses queimaram Washington DC, quase 200 anos antes. Imediatamente após 9/11, a bandeira estava em toda parte como um ato de unidade nacional e desafio coletivo”, explica.</p>
<p>
No entanto, acrescenta doutor Aliano, “é mais provável hoje encontrar a ‘velha glória’ voando na frente de residências e empresas nos estados do Sul e Oeste, nas pequenas cidades e áreas rurais. Nessas regiões, as pessoas tendem a ser mais patrióticas do que os seus concidadãos nas grandes cidades do Nordeste e da Costa Oeste”.</p>
<p>
Scott Woodland, de Wolfeboro (New Hampshire) é um dos americanos que começou a expor a bandeira em frente à sua casa após os ataques de 11 de setembro de 2001. Ele admite que, antes, não tinha dado “muita atenção” à bandeira. “Agora eu vejo isso como um símbolo especial. Quero que todo mundo saiba que eu sou orgulhoso ser um americano.</p>
<p>
Jornalista: Maria Terezinha Leite </p>