24/03/2016 08h31
Or?gano e cravo podem virar aliados contra o Aedes aegypti
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Desde o início do surto de zika, em setembro do ano passado, muitas pesquisas têm tido como foco o controle do transmissor do vírus, o mosquito Aedes aegypti. Um desses trabalhos, desenvolvido desde 2013 na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) em parceria com a Fundação Ezequiel Dias (Funed), traz resultados animadores e poderá transformar orégano e cravo-da-índia em venenos contra o mosquito.</p>
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A pesquisa é liderada pela bióloga e professora de biologia molecular Alzira Batista Cecílio. Ela e sua equipe pesquisaram mais de 20 plantas que poderiam ter efeito no combate ao inseto, que, além do zika, também transmite dengue e febre chikungunya. O que os cientistas descobriram foi que os óleos essenciais do orégano e do cravo têm 100% de eficácia na eliminação das larvas do inseto. “Testamos e retestamos, e ambos mataram todas as larvas do mosquito em 24 horas”, garante a professora.</p>
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Agora, a equipe investiga a composição desses óleos – o que há neles que mata as larvas – e também a melhor forma de transformar esses compostos naturais em um larvicida que possa ser comercializado no mercado. A expectativa da professora é que, até o ano que vem, a população possa contar com um novo produto nas prateleiras dos supermercados.</p>
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“Acredito que até o meio deste ano consigamos patentear a fórmula. Depois, para a fase de registro na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), acho que mais uns seis meses”, calcula.</p>
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Os cientistas estão trabalhando também para descobrir se os óleos essenciais de orégano e cravo são eficientes no combate a outras fases do mosquito. Eles estão pesquisando a ação dos compostos nas pupas e nesses insetos adultos. Dependendo do desempenho, poderá ser elaborada toda uma nova linha de produtos, com repelentes e inseticidas, à base das plantas.</p>
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Enquanto os produtos não são elaborados, a pesquisadora alerta que não há garantias da eficácia de óleos de orégano e de cravo comprados em casas de produtos naturais para combater o Aedes aegypti. “Os óleos com os quais fazemos nossa pesquisa são 100% puros, elaborados em laboratório. Quanto a esses comprados no mercado, não podemos garantir a composição”, afirma. Tampouco adianta colocar as folhas de orégano ou os cravos espalhados em casa para espantar o mosquito, segundo a pesquisadora.</p>
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Além disso, Alzira ressalta que, apesar de o resultado de suas pesquisas ser promissor, não se pode relaxar no combate ao vetor das doenças. “Esses produtos serão mais uma ferramenta, mas a eliminação dos criadouros ainda é necessária”, destaca.</p>
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Segundo a bióloga Alzira Batista Cecílio, bastou uma borrifada em larvas do Aedes dentro de tubos de ensaio para que elas morressem em 24 horas.</p>
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“Esses produtos serão mais uma ferramenta (contra o Aedes aegypti), mas a eliminação dos criadouros ainda é necessária”.</p>