Bom Dia - O Diário do Médio Piracicaba

notícias

23/02/2016 19h40

Pedida pris?o preventiva de respons?veis pela trag?dia de Mariana

Compartilhe
<p> A Pol&iacute;cia Civil de Minas Gerais concluiu, nesta ter&ccedil;a-feira, 23, o primeiro inqu&eacute;rito policial referente ao rompimento da Barragem de Fund&atilde;o, pertencente &agrave; mineradora Samarco, ocorrido em 5 de novembro de 2015, em Mariana (MG). Diante de todas as provas levantadas, a corpora&ccedil;&atilde;o conclui o inqu&eacute;rito com o indiciamento de sete pessoas, sendo seis funcion&aacute;rios da Samarco, entre elas o presidente licenciado e um da VOGBR. Al&eacute;m dos indiciamentos, a pol&iacute;cia tamb&eacute;m representou, junto &agrave; Justi&ccedil;a, pela pris&atilde;o preventiva de todos os suspeitos.</p> <p> A partir do rompimento da barragem, v&aacute;rios crimes foram consumados, entre delitos contra a vida, o meio ambiente, a incolumidade e a sa&uacute;de p&uacute;blica. As comunidades que se encontram nas proximidades do local onde ocorreram os fatos ou pr&oacute;ximas aos locais por onde os rejeitos se estenderam foram afetadas de diversas formas.</p> <p> O rompimento da Barragem de Fund&atilde;o liberou aproximadamente 34 milh&otilde;es de metros c&uacute;bicos de rejeitos de min&eacute;rio no meio ambiente. Parte destes rejeitos foi depositada nos cursos d&rsquo;&aacute;gua afetados, causando em muitos a interrup&ccedil;&atilde;o do fornecimento de &aacute;gua pot&aacute;vel, tendo em vista as altas concentra&ccedil;&otilde;es de subst&acirc;ncias acima dos limites permitidos.</p> <p> A ruptura, que, de acordo com o Minist&eacute;rio do Meio Ambiente, foi o maior desastre ambiental da hist&oacute;ria do pa&iacute;s, destruiu o distrito de Bento Rodrigues, deixando 725 pessoas desabrigadas, 17 mortos confirmados e dois desaparecidos.</p> <p> Todos os corpos e segmentos corp&oacute;reos de v&iacute;timas provenientes do desastre e que foram localizados pelas equipes de buscas (em uma extens&atilde;o de 110km do local do rompimento) foram identificados e liberados para as fam&iacute;lias. Os laudos verificaram tr&ecirc;s diferentes causas de mortes: asfixia por soterramento, afogamento e politraumatismo.</p> <p> <strong>&nbsp;Inqu&eacute;ritos</strong></p> <p> O primeiro inqu&eacute;rito, instaurado pela Pol&iacute;cia Civil em 6 de novembro de 2015, apurou a autoria, materialidade, circunst&acirc;ncias, causas, consequ&ecirc;ncias, danos e demais delitos provenientes da ruptura. O t&eacute;rmino das investiga&ccedil;&otilde;es ocorreu durante o per&iacute;odo da terceira dila&ccedil;&atilde;o de prazo concedida pela Justi&ccedil;a, que se encerraria em 12 de mar&ccedil;o. Esta primeira etapa da investiga&ccedil;&atilde;o durou tr&ecirc;s meses e meio. O inqu&eacute;rito possui 13 volumes, 2.432 p&aacute;ginas e cerca de 100 oitivas, al&eacute;m de demais documentos de interesse da investiga&ccedil;&atilde;o.</p> <p> Em raz&atilde;o da diversidade de crimes e complexidade das per&iacute;cias t&eacute;cnicas, o inqu&eacute;rito inicial foi desmembrado em outro inqu&eacute;rito. O segundo procedimento instaurado pela Pol&iacute;cia Civil apura os crimes ambientais e licenciamentos da Barragem do Fund&atilde;o, e o prazo para conclus&atilde;o &eacute; de 30 dias, encerrando-se no dia 22 de mar&ccedil;o. Os laudos que comprovar&atilde;o/materializar&atilde;o estes delitos ambientais s&atilde;o de complexa elabora&ccedil;&atilde;o e devem abordar os danos ambientais em sua amplitude, de forma que todos os aspectos de nosso ecossistema sejam considerados.</p> <p> <strong>&nbsp;Causa do rompimento</strong></p> <p> Considerando-se as an&aacute;lises t&eacute;cnicas, o laudo pericial, que integra a investiga&ccedil;&atilde;o criminal da Pol&iacute;cia Civil de Minas Gerais, concluiu que a causa do rompimento da Barragem de Fund&atilde;o foi a liquefa&ccedil;&atilde;o (processo que ocorre quando o sedimento s&oacute;lido apresenta repentina redu&ccedil;&atilde;o na resist&ecirc;ncia), que ocorreu, inicialmente, junto aos rejeitos arenosos que suportavam os alteamentos (eleva&ccedil;&otilde;es) realizados na regi&atilde;o esquerda da barragem, no local onde foi feito o recuo do eixo, abrangendo praticamente toda a extens&atilde;o do recuo. Sete fatores atuaram para que ocorresse o processo de liquefa&ccedil;&atilde;o:</p> <p> <strong>1.</strong>Elevada satura&ccedil;&atilde;o dos rejeitos arenosos depositados na Barragem de Fund&atilde;o, n&atilde;o apenas daqueles depositados sob o recuo do eixo da barragem cujo n&iacute;vel de &aacute;gua em seu interior atingiu a eleva&ccedil;&atilde;o aproximada de 878m (de acordo com leituras dos piez&ocirc;metros indicados pelo consultor Pimenta de &Aacute;vila), mas tamb&eacute;m dos rejeitos arenosos depositados no restante da barragem, em virtude da exist&ecirc;ncia de fluxo subterr&acirc;neo de &aacute;gua e de contribui&ccedil;&otilde;es de nascentes no entorno.</p> <p> <strong>2.</strong>Falhas no monitoramento cont&iacute;nuo do n&iacute;vel de &aacute;gua e das poropress&otilde;es junto aos rejeitos arenosos depositados no interior da barragem e junto aos rejeitos constituintes dos diques de alteamento realizados.</p> <p> <strong>3</strong>. Diversos equipamentos de monitoramento encontravam-se com defeito, n&atilde;o sendo realizadas, inclusive pelo pessoal da VOGBR, as respectivas leituras, quando da emiss&atilde;o do laudo de seguran&ccedil;a da barragem.</p> <p> <strong>4.</strong>Monitoramento deficiente em virtude do n&uacute;mero reduzido de equipamentos instalados na barragem. Havia regi&otilde;es descobertas dos alteamentos realizados, em termos do n&uacute;mero de piez&ocirc;metros e medidores de n&iacute;vel de &aacute;gua instalados.</p> <p> <strong>5.</strong>Elevada taxa de alteamento anual da barragem, em fun&ccedil;&atilde;o do grande volume de lama que era depositado em seu interior (cerca de 20m de altura por ano, em m&eacute;dia). &Eacute; sabido que o alteamento de qualquer barragem de rejeitos deve acompanhar a eleva&ccedil;&atilde;o do n&iacute;vel do lago formado. Nos dois &uacute;ltimos anos, os alteamentos foram realizados a uma taxa anual muito superior &agrave; recomendada na literatura t&eacute;cnica, que &eacute; de no m&aacute;ximo 10m de altura.</p> <p> <strong>6.</strong>Assoreamento do dique 2, o que permitiu infiltra&ccedil;&atilde;o de &aacute;gua de forma generalizada para a &aacute;rea abrangida pelos rejeitos arenosos, no lado direito da bacia de deposi&ccedil;&atilde;o de rejeitos.</p> <p> <strong>7.</strong>Defici&ecirc;ncia junto ao sistema de drenagem interno da barragem cujos volumes de &aacute;gua drenados, de acordo com os resultados de monitoramento apresentados pela Samarco para o meses de setembro e outubro de 2015 eram semelhantes e at&eacute; mesmo inferiores a resultados obtidos em 2014.</p>

Bom Dia Online- Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.

by Mediaplus