Bom Dia - O Diário do Médio Piracicaba

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21/07/2015 08h45

Os Sinos - A arte de dizer besteiras

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<p> O fil&oacute;sofo americano Harry Frankfurt, ao escrever o livro Sobre falar merda, n&atilde;o poderia ser mais realista, analisando o comportamento daqui e de fora. Manda um recado direto aos que passam o tempo falando bobagens nas redes sociais, embora o objetivo dele seja o de desvendar a ess&ecirc;ncia do discurso pol&iacute;tico. O livro, um mini-book com pouco mais de 60 p&aacute;ginas que podem ser devoradas durante uma ida ao banheiro, faz parte do curr&iacute;culo do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, na cadeira de Filosofia, do professor Luiz Carlos Bombassaro.</p> <p> Frankfurt estabelece uma diferen&ccedil;a b&aacute;sica entre a mentira e o falar merda. Diz que o mentiroso esconde os fatos e inventa deliberadamente suas hist&oacute;rias; respeita a verdade, mesmo que fuja dela. J&aacute; o outro n&atilde;o tem o m&iacute;nimo de classe, considera&ccedil;&atilde;o ou respeito e tenta induzir quem quer que seja a aceitar sua vers&atilde;o como verdadeira, procurando sempre chamar a aten&ccedil;&atilde;o, construindo uma impress&atilde;o sobre si mesmo. Um perigo porque o mentiroso, embora reconhe&ccedil;a o blefe, respeita regras e limites; j&aacute; o &ldquo;evacuador&rdquo; revela o seu card&aacute;pio por meio de suas ideias ou palavras &ndash; ele &eacute; mais perigoso do que aquele que mente.</p> <p> O orador, no entanto, n&atilde;o est&aacute; mentindo, afirma o fil&oacute;sofo, porque n&atilde;o tem inten&ccedil;&atilde;o de impor &agrave; plateia cren&ccedil;as que considera falsas. Um pol&iacute;tico, quando sobe &agrave; tribuna para falar em p&uacute;blico, s&oacute; est&aacute; interessado na opini&atilde;o dos outros sobre ele. &ldquo;Ele quer ser considerado um patriota, algu&eacute;m que aprecia a import&acirc;ncia da religi&atilde;o, que &eacute; sens&iacute;vel &agrave; grandeza de nossa hist&oacute;ria, cujo orgulho combina com a humildade perante Deus&rdquo;, destaca Frankfurt. Mais adiante, ele se debru&ccedil;a a analisar as &aacute;reas da propaganda e das rela&ccedil;&otilde;es p&uacute;blicas, &ldquo;exemplos t&atilde;o consumados de falar merda que podem servir como os paradigmas mais inquestion&aacute;veis e cl&aacute;ssicos do conceito&rdquo;.</p> <p> <strong>Travestidos de pastores do bem</strong></p> <p> A obra encaixa como uma luva neste momento de turbilh&atilde;o pol&iacute;tico em que velhas raposas da pol&iacute;tica, envolvidas at&eacute; o pesco&ccedil;o com opera&ccedil;&otilde;es criminosas, duvidosas, escandalosas, mentem descaradamente para provar inoc&ecirc;ncia quando suas vidas j&aacute; foram vistas e revistas e suas falcatruas se tornaram p&uacute;blicas. Do outro lado, um ex&eacute;rcito de abnegados cidad&atilde;os sem a m&iacute;nima consci&ecirc;ncia, levados no bico e totalmente desinformados, tenta defender as trincheiras da corrup&ccedil;&atilde;o, entra no jogo pol&iacute;tico de quem n&atilde;o quer mudan&ccedil;as, quando a mudan&ccedil;a &eacute; a &uacute;nica sa&iacute;da. A corrup&ccedil;&atilde;o tem dois lados e contaminou os coxinhas que chamam a esquerda de petralhas e petralhas que chamam os da direita de coxinhas.</p> <p> Na verdade, os mentirosos, travestidos de pastores do bem, com seus serm&otilde;es e mazelas buscam controlar a ira do seu rebanho e os adeptos por sua vez s&oacute; falam merda. Claro que ainda sobram os corruptores. Bom, estes est&atilde;o por toda parte, na m&iacute;dia em especial.</p> <p align="right"> <strong><em>Por Fl&aacute;vio Damiani jornalista Do Observat&oacute;rio da Imprensa</em></strong></p>

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