Bom Dia - O Diário do Médio Piracicaba

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21/01/2015 18h09

Listas no WhatsApp tiram a paz de moradores de Santa B?rbara

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<p> A popula&ccedil;&atilde;o de Santa B&aacute;rbara est&aacute; em estado de alerta desde que listas com inj&uacute;rias e cal&uacute;nias contra moradores da cidade come&ccedil;aram a circular no WhatsApp, em novembro passado. Com nomes e sobrenomes, os &quot;adjetivos&quot; utilizados s&atilde;o ofensivos, chulos e, na maioria das vezes, dizem respeito a supostas orienta&ccedil;&atilde;o e comportamento sexuais das v&iacute;timas.</p> <p> Em uma cidade cerca de 30 mil habitantes &ndash; incluindo as &aacute;reas urbanas e rurais &ndash;, o crime causou um verdadeiro mal estar. J&aacute; houve o caso de uma pessoa citada na lista que perdeu o emprego por isso. Al&eacute;m disso, os relatos de pessoas que entraram em depress&atilde;o e sequer saem de casa s&atilde;o muitos, segundo a promotora do Minist&eacute;rio P&uacute;blico de Minas Gerais (MPMG) na comarca de Santa B&aacute;rbara, Carla Rodrigues Fazuoli.</p> <p> &quot;Quando eu fiquei sabendo, em meio ao recesso de fim de ano, j&aacute; eram 10 listas que mancham a imagem de adolescentes e adultos principalmente de Santa B&aacute;rbara, mas tamb&eacute;m de Bar&atilde;o de Cocais. S&atilde;o cerca de 500 pessoas atingidas, e praticamente todo mundo da cidade compartilhou a lista. Mesmo quem n&atilde;o tem WhatsApp j&aacute; est&aacute; sabendo. Os termos utilizados, as denomina&ccedil;&otilde;es, s&atilde;o pesad&iacute;ssimos. Em alguns casos, n&atilde;o apenas o nome e sobrenome da pessoa &eacute; citado, mas tamb&eacute;m de quem ela &eacute; filha, onde trabalha, o apelido, etc&quot;, conta Fazuoli.</p> <p> Uma vendedora de 30 anos, que preferiu n&atilde;o se identificar, contou que ficou sabendo da lista, mas n&atilde;o chegou a receber. &quot;N&atilde;o vi a lista e nem fa&ccedil;o quest&atilde;o. Acho que &eacute; uma coisa completamente ultrapassada e desnecess&aacute;ria. Mesmo que seja verdade, que fulana faz sexo, que fulano &eacute; gay, isso n&atilde;o &eacute; problema de ningu&eacute;m. Cada um tem que cuidar da pr&oacute;pria vida&quot;, relata.</p> <p> Al&eacute;m de ter atingido a autoestima e a chamada &quot;honra&quot; de muitos moradores da cidade, a promotora relata outro problema. Muitas pessoas que foram citadas procuram por conta pr&oacute;pria os respons&aacute;veis pela cria&ccedil;&atilde;o dessas listas, e a &quot;justi&ccedil;a com as pr&oacute;prias m&atilde;os&quot; j&aacute; &eacute; uma amea&ccedil;a real. &quot;Algumas v&iacute;timas j&aacute; est&atilde;o come&ccedil;ando a amea&ccedil;ar quem eles acham que criou a lista, isso, sem ter uma investiga&ccedil;&atilde;o ainda. Tem gente com medo de sair de casa por causa dessas amea&ccedil;as&quot;, explica. &quot;Aqui em Santa B&aacute;rbara, todo mundo &eacute; meio &#39;parentado&acute;, isso est&aacute; causando muita como&ccedil;&atilde;o&quot;, complementa.</p> <p> <strong>Cornos</strong></p> <p> H&aacute; listas de todos os temas: uma s&oacute; sobre as supostas mulheres &#39;prom&iacute;scuas&#39; da cidade, outra sobre os supostos homossexuais e outra s&oacute; sobre os homens, por exemplo. Mas a 11&ordf; lista, que j&aacute; estava anunciada para sair este m&ecirc;s, poderia causar ainda mais danos. &quot;Felizmente a gente conseguiu intimidar essas pessoas e impedir que essa lista sa&iacute;sse, porque seria a &#39;dos cornos de Santa B&aacute;rbara&#39;. Ia ter uma repercuss&atilde;o enorme porque aqui, grande parte da popula&ccedil;&atilde;o ainda &eacute; muito conservadora. Isso com certeza poderia aumentar os casos de crimes enquadrados na lei Maria da Penha, os casos de homic&iacute;dios, e at&eacute; de suic&iacute;dios. Mas desde que eu chamei a imprensa local, ap&oacute;s ficar sabendo do caso, as listas pararam de ser compartilhadas&quot;, explica Fazuoli.</p> <p> <strong>Suspeitos</strong></p> <p> Quem cria a lista comete um crime, mas quem compartilha tamb&eacute;m. Com base nessa determina&ccedil;&atilde;o, a promotora Carla Fazuoli conseguiu chegar aos poss&iacute;veis respons&aacute;veis pela cria&ccedil;&atilde;o das listas, mas ainda falta pedir ao aplicativo para liberar as conversas e comprovar o envolvimento dos suspeitos. &quot;Para encontrar os respons&aacute;veis eu chamei uma a uma as pessoas que eu sei que compartilharam a lista e as questionei sobre quem enviou essa lista para elas. Com isso, o cerco foi se fechando, e eu cheguei a pessoas que tenho praticamente certeza que foram as respons&aacute;veis. Preciso pedir essa quebra de sigilo ao aplicativo para provar&quot;, conta.</p> <p> Enquanto isso, a promotora conta que ir&aacute; colher depoimentos de pessoas pr&oacute;ximas aos suspeitos, para ajudar a provar a autoria do crime.</p> <p> Os respons&aacute;veis pelas listas poder&atilde;o responder por crime de inj&uacute;ria. &quot;A gente ainda est&aacute; estudando o que fazer ap&oacute;s a confirma&ccedil;&atilde;o destes nomes, mas pode-se entrar com uma a&ccedil;&atilde;o civil p&uacute;blica, uma a&ccedil;&atilde;o penal privada, podemos pedir uma indeniza&ccedil;&atilde;o por danos morais e tamb&eacute;m materiais, j&aacute; que muitas pessoas lesadas est&atilde;o tendo gastos com medicamento contra depress&atilde;o, ou perdendo dias de trabalho ou de escola por vergonha de sair de casa. As pessoas que tiverem seus nomes na lista tamb&eacute;m podem fazer uma queixa-crime ou entrar com uma a&ccedil;&atilde;o individual para cobrar essa indeniza&ccedil;&atilde;o&quot;, explica Fazuoli.</p> <p> O delegado Domiciano Ferreira Monteiro de Castro Neto, de Santa B&aacute;rbara, informou que as investiga&ccedil;&otilde;es est&atilde;o sendo feitas em conjunto com o MPMG.</p> <p> <strong>Supera&ccedil;&atilde;o</strong></p> <p> O estudante Victor Sanches, de 16 anos, teve o nome citado na lista e, apesar de se dizer triste com o ocorrido, conta que aprendeu a lidar com situa&ccedil;&otilde;es assim.</p> <p> &quot;Eu sofro bullyng desde a inf&acirc;ncia, principalmente na escola, porque sempre fui julgado pelas minhas prefer&ecirc;ncias. Por exemplo, eu adoro animais e n&atilde;o curtia muito os esportes que os meninos costumam gostar, como futebol. Ent&atilde;o a vida inteira eu fui julgado por isso e tive depress&atilde;o por causa disso, fiz tratamento, fui no psic&oacute;logo. Hoje eu j&aacute; sei lidar com esse tipo de situa&ccedil;&atilde;o. Mas eu fico triste porque muitas pessoas que gosto aparecem na lista. Cidade pequena &eacute; diferente de cidade grande onde cada um pode ir pro seu lado. Teve m&atilde;e de amiga minha, por exemplo, que est&aacute; extremamente depressiva por causa disso. Quem fez isso &eacute; muito infantil, n&atilde;o tem car&aacute;ter nenhum, tem necessidade de manchar a imagem das pessoas para se sentir bem. Quando aconteceu isso, e eu vi nomes de amigos meus nestas listas, eu cheguei a criar uma lista, mas falando bem dos meus amigos. Mas &eacute; claro que ela n&atilde;o foi divulgada como aconteceu com essas listas cheia de barbaridades&quot;, conta.</p> <p style="text-align: right;"> <em>Com Informa&ccedil;&otilde;es O Tempo</em></p>

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