Bom Dia - O Diário do Médio Piracicaba

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30/09/2014 08h06

Melanc?lico fim da revista \"Veja\", de Mino a Barbosa

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<p> Uma das hist&oacute;rias mais tristes e pat&eacute;ticas da hist&oacute;ria da imprensa brasileira est&aacute; sendo protagonizada neste momento pela revista semanal &quot;Veja&quot;, carro-chefe da&nbsp; Editora Abril, que j&aacute; foi uma das maiores publica&ccedil;&otilde;es semanais do mundo.</p> <p> Criada e comandada nos primeiros dos seus 47 anos de vida, pelo grande jornalista Mino Carta, hoje ela agoniza nas m&atilde;os de dois herdeiros de Victor Civita, que n&atilde;o s&atilde;o do ramo, e de um banqueiro incompetente, que v&atilde;o acabar quebrando a &quot;Veja&quot; e a Editora Abril inteira do alto de sua onipot&ecirc;ncia, que &eacute; do tamanho de sua incompet&ecirc;ncia.</p> <p> Para se ter uma ideia da pol&iacute;tica editorial que levou a esta derrocada, vou contar uma hist&oacute;ria que ouvi de Eduardo Campos, em 2012, quando ele foi convidado por Roberto Civita, ent&atilde;o dono da Abril, para conhecer a editora.</p> <p> Os dois nunca tinham se visto. Ao entrar no monumental gabinete de Civita no pr&eacute;dio idem da Marginal Pinheiros, Eduardo ficou perplexo com o que ouviu dele. &quot;Voc&ecirc; est&aacute; vendo estas capas aqui? Esta &eacute; a &uacute;nica oposi&ccedil;&atilde;o de verdade que ainda existe ao PT no Brasil. O resto &eacute; bobagem. S&oacute; n&oacute;s podemos acabar com esta gente e vamos at&eacute; o fim&quot;.</p> <p> &Eacute; bem prov&aacute;vel que a Abril acabe antes de se realizar a profecia de Roberto Civita. O certo &eacute; que a editora, que j&aacute; foi a maior e mais importante do pa&iacute;s, conseguiu produzir uma &quot;Veja&quot; muito pior e mais irrespons&aacute;vel depois da morte dele, o que parecia imposs&iacute;vel.</p> <p> A edi&ccedil;&atilde;o 2.393 da revista, que foi &agrave;s bancas neste s&aacute;bado, 27, &eacute; uma prova do que estou dizendo.</p> <p> Sem coragem de dedicar a capa inteira &agrave; &quot;bala de prata&quot; que vinham preparando para acabar com a candidatura de Dilma Rousseff, a uma semana das elei&ccedil;&otilde;es presidenciais, os herdeiros Civita, que n&atilde;o t&ecirc;m nome nem hist&oacute;ria pr&oacute;prios, e o banqueiro Barbosa, deram no alto apenas uma chamada: &quot;EXCLUSIVO - O N&Uacute;CLEO AT&Ocirc;MICO DA DELA&Ccedil;&Atilde;O _ Paulo Roberto Costa diz &agrave; Pol&iacute;cia Federal que em 2010 a campanha de Dilma Rousseff pediu dinheiro ao esquema de corrup&ccedil;&atilde;o da Petrobras&quot;. Parece coisa de boletim de gr&ecirc;mio estudantil.</p> <p> O pedido teria sido feito pelo ex-ministro Antonio Palocci, um dos coordenadores da campanha da ent&atilde;o candidata Dilma Rousseff, ao ex-diretor da Petrobras, para negociar uma ajuda de R$ 2 milh&otilde;es junto a um doleiro que intermediaria neg&oacute;cios de empreiteiras fornecedoras da empresa.</p> <p> A reportagem n&atilde;o informa se h&aacute; provas deste pedido e se a verba foi ou n&atilde;o entregue &agrave; campanha de Dilma, mas isso n&atilde;o tem a menor import&acirc;ncia para a revista, como se o ex-todo poderoso ministro de Lula e de Dilma precisasse de intermedi&aacute;rios para pedir contribui&ccedil;&otilde;es de grandes empresas. Faz tempo que o neg&oacute;cio da &quot;Veja&quot; n&atilde;o &eacute; informar, mas apenas jogar suspeitas contra os l&iacute;deres e os governos do PT, os grandes inimigos da fam&iacute;lia.</p> <p> <strong>Porque a Veja se irritou com o PT?</strong></p> <p> E se os leitores quiserem saber a causa desta bronca, posso contar, porque fui testemunha: no in&iacute;cio do primeiro governo Lula, o presidente resolveu redistribuir verbas de publicidade, antes apenas reservadas a meia d&uacute;zia de fam&iacute;lias da grande m&iacute;dia, e a compra de livros did&aacute;ticos comprados pelo governo federal para destinar a escolas p&uacute;blicas.</p> <p> Ambas as medidas abalaram os cofres da Editora Abril, de tal forma que Roberto Civita saiu dos seus cuidados de grande homem da imprensa para pedir uma audi&ecirc;ncia ao presidente Lula. Por raz&otilde;es que desconhe&ccedil;o, o presidente se recusava a receb&ecirc;-lo.</p> <p> Depois do dono da Abril percorrer os mais altos escal&otilde;es do poder, em busca de ajuda, certa vez, quando era Secret&aacute;rio de Imprensa e Divulga&ccedil;&atilde;o da Presid&ecirc;ncia da Rep&uacute;blica, encontrei Roberto Civita e outros donos da m&iacute;dia na ante-sala do gabinete de Lula, no terceiro andar do Pal&aacute;cio do Planalto.&quot;</p> <p> &quot;Agora vem at&eacute; voc&ecirc; me encher o saco por causa deste cara?&quot;, reagiu o presidente, quando lhe transmiti o pedido de Civita para um encontro, que acabou acontecendo, num jantar privado dos dois no Pal&aacute;cio da Alvorada, mesmo contra a vontade de Lula.</p> <p> No dia seguinte, na reuni&atilde;o das nove, o presidente queria me matar, junto com os outros ministros que tinham lhe feito o mesmo pedido para conversar com Civita. &quot;P&ocirc;, o cara ficou o tempo todo me falando que o Brasil estava melhorando. Quando perguntei pra ele porque a &quot;Veja&quot; sempre dizia exatamente o contr&aacute;rio, esculhambando com tudo, ele me falou: &ldquo;N&atilde;o sei, presidente, vou ver com os meninos da reda&ccedil;&atilde;o o que est&aacute; acontecendo. &Eacute; muita cara de pau. Nunca mais me pe&ccedil;am pra falar com este cara&quot;.</p> <p> A partir deste momento, como Roberto Civita contou a Eduardo Campos, a Abril passou a liderar a oposi&ccedil;&atilde;o midi&aacute;tica reunida no Instituto Millenium, que ele ajudou a criar junto com outros donos da imprensa familiar que controla os meios de comunica&ccedil;&atilde;o do pa&iacute;s.</p> <p> Resolvi escrever este texto, no meio da minha folga de final de semana, sem consultar ningu&eacute;m, nem a minha mulher, depois de ler um texto absolutamente asqueroso publicado na p&aacute;gina 38 da revista que recebi neste final de semana, sob o t&iacute;tulo &quot;Em busca do templo perdido&quot;. Insatisfeitos com o trabalho dos seus pistoleiros de aluguel, os herdeiros e o banqueiro da &quot;Veja&quot; resolveram entregar a encomenda a um pseud&ocirc;nimo nominado &quot;Agamenon Mendes Pedreira&quot;.</p> <p> Como os caros leitores sabem, trabalho faz mais de tr&ecirc;s anos aqui no portal R7 e no canal de not&iacute;cias Record News, empresas do grupo Record. Nunca me pediram para escrever nem me proibiram de escrever nada. Tenho aqui plena autonomia editorial, garantida em contrato, e respeitada pelos acionistas da empresa.</p> <p> Escrevi hoje apenas porque acho que os leitores, internautas e telespectadores, que formam o eleitorado brasileiro, t&ecirc;m o direito de saber neste momento com quem est&atilde;o lidando quando acessam nossos meios de comunica&ccedil;&atilde;o.</p> <p align="right"> <em>Ricardo Kotscho</em></p>

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