Bom Dia - O Diário do Médio Piracicaba

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20/07/2014 21h58

PIB de Catas Altas cresce 585% com Mina do Fazend?o

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<p> Emoldurada pela Serra do Cara&ccedil;a, essa pequena cidade na regi&atilde;o Central, distante 130 quil&ocirc;metros de Belo Horizonte, &eacute; um daqueles lugares onde o tempo parece passar mais devagar. Ruas de pedras, casas e igrejas coloniais, clima ameno o ano todo e um povo hospitaleiro, que cumprimenta o forasteiro mesmo sem jamais t&ecirc;-lo visto. Simplicidade que n&atilde;o deixa aparente uma outra grande riqueza: entre 2007 e 2011, o Produto Interno Bruto (PIB) do munic&iacute;pio cresceu 585%.</p> <p> Pelas contas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat&iacute;stica (IBGE), a soma de todos os bens e servi&ccedil;os produzidos na pequena Catas Altas, com menos de 6 mil habitantes, saltou de R$ 53,8 milh&otilde;es para R$ 369 milh&otilde;es no per&iacute;odo.</p> <p> O ganho milion&aacute;rio est&aacute; diretamente relacionado &agrave; minera&ccedil;&atilde;o. Explorada pela Vale, a Mina do Fazend&atilde;o ampliou sua opera&ccedil;&atilde;o no munic&iacute;pio em 2006.</p> <p> Dois anos mais tarde, foram extra&iacute;das 7 milh&otilde;es de toneladas de min&eacute;rio de ferro de l&aacute;, segundo o prefeito Saulo de Moraes de Castro, que tamb&eacute;m preside a Associa&ccedil;&atilde;o dos Munic&iacute;pios Mineradores do Brasil (Amib).</p> <p> Em 2010, o volume subiu para 10 milh&otilde;es, e tr&ecirc;s anos depois, para 14,5 milh&otilde;es. A expectativa &eacute; a de que ainda neste ano seja atingido o pico m&aacute;ximo, de 17 milh&otilde;es de toneladas.</p> <p> &ldquo;Antes, viv&iacute;amos s&oacute; do Fundo de Participa&ccedil;&atilde;o dos Munic&iacute;pios (FPM). Quando a minera&ccedil;&atilde;o chegou, ampliou substancialmente nossas receitas. E atualmente, se sofremos com o pre&ccedil;o do min&eacute;rio, que vem perdendo valor, ganhamos em volume&rdquo;, afirma o prefeito, que durante 30 anos trabalhou no setor de minera&ccedil;&atilde;o.</p> <p> A explora&ccedil;&atilde;o da Mina do Fazend&atilde;o refletiu-se no aumento da arrecada&ccedil;&atilde;o de impostos, com destaque para a Compensa&ccedil;&atilde;o Financeira pela Explora&ccedil;&atilde;o de Recursos Minerais (Cfem).</p> <p> Em 2007, foram R$ 724 mil, fatia que aumentou para R$ 4,3 milh&otilde;es em 2012. Neste ano, at&eacute; junho, j&aacute; s&atilde;o R$ 3,3 milh&otilde;es. Grande parte dessa receita, afirma Saulo de Castro, &eacute; destinada a melhorias na cidade, como a constru&ccedil;&atilde;o de um reservat&oacute;rio de &aacute;gua e de uma creche.</p> <p> &ldquo;Um dos nossos desafios &eacute; a educa&ccedil;&atilde;o. Padronizamos as a&ccedil;&otilde;es nas escolas, treinamos professores, introduzimos a m&uacute;sica como disciplina. Tamb&eacute;m passamos a custear o transporte dos alunos daqui que querem estudar em universidades nas cidades vizinhas, como Santa B&aacute;rbara, Mariana, Ouro Preto, Itabira e Jo&atilde;o Monlevade. Assim, o pessoal de Catas Altas, que antes ficava para tr&aacute;s, hoje concorre de igual para igual&rdquo;, diz o prefeito.</p> <p> <strong>Cidad&atilde;os graduados</strong></p> <p> Desde que o transporte gratuito rumo a faculdades em munic&iacute;pios vizinhos foi implantado, mais catas-altenses tornaram-se advogados, professores, enfermeiros e engenheiros, enumera Saulo de Castro.</p> <p> O dinheiro da Cfem tamb&eacute;m foi utilizado para fomentar a agricultura familiar. Com o recurso, a prefeitura passou a comprar a produ&ccedil;&atilde;o de arroz, feij&atilde;o, couve, batata doce, batata inglesa, cebolinha, entre outros ingredientes, para fornecer o almo&ccedil;o para todos os alunos da rede municipal, sejam eles do turno da tarde ou da manh&atilde;.</p> <p> Nascido e criado em Catas Altas, Jos&eacute; Estev&atilde;o, o J.E., de 64 anos, j&aacute; carregou muito min&eacute;rio em seu caminh&atilde;o.</p> <p> &ldquo;O progresso &eacute; importante, mas temos que manter nossa identidade&rdquo;, diz ele, que hoje passa boa parte do tempo a contemplar a calmaria da pra&ccedil;a principal.</p> <p> <strong>Metade da popula&ccedil;&atilde;o trabalha na atividade</strong></p> <p> Em Catas Altas, &eacute; dif&iacute;cil algu&eacute;m que n&atilde;o trabalhe ou n&atilde;o tenha um parente que ganha a vida a partir da minera&ccedil;&atilde;o. De acordo com dados da prefeitura local, s&atilde;o cerca de 2.500 empregos diretos e indiretos, ou seja, quase a metade da popula&ccedil;&atilde;o.</p> <p> &ldquo;&Eacute; gente que trabalha na mina ou presta servi&ccedil;o para empreiteiras. E essas pessoas acabam comprando mais no com&eacute;rcio. E o com&eacute;rcio contrata funcion&aacute;rios para ajudar nas vendas, alavancando a formalidade no mercado de trabalho e fomentando a economia&rdquo;, diz o prefeito Saulo de Castro.</p> <p> Em 2011, Gleidson Ac&aacute;cio de Miranda resolveu dividir seu tempo entre o servi&ccedil;o na mineradora e em seu pr&oacute;prio neg&oacute;cio. Junto com um s&oacute;cio, abriu a 3G, uma lojinha de materiais el&eacute;tricos e hidr&aacute;ulicos de 70 metros quadrados, em frente &agrave; Matriz de Nossa Senhora da Concei&ccedil;&atilde;o. Como o neg&oacute;cio prosperou, trocou a vista para a igreja onde est&atilde;o obras atribu&iacute;das ao Mestre Atha&iacute;de por um espa&ccedil;o bem maior, de 748 metros quadrados.</p> <p> &ldquo;Cerca de 40% dos nossos clientes trabalham na mineradora ou nas prestadoras de servi&ccedil;os. Crescemos mais de 20% ao ano&rdquo;, comemora Miranda. Hoje, o estabelecimento &eacute; uma completa loja de material de constru&ccedil;&atilde;o, com nove funcion&aacute;rios.</p> <p> <strong>Turismo &eacute; alternativa de renda sustent&aacute;vel</strong></p> <p> Numa cidade t&atilde;o cheia de atrativos para quem gosta de sossego e natureza, o turismo desponta como alternativa de renda sustent&aacute;vel e j&aacute; &eacute; o segundo meio de desenvolvimento econ&ocirc;mico. Atualmente, s&atilde;o 514 leitos e uma pousada em constru&ccedil;&atilde;o. Evento mais famoso de Catas Altas, o Festival do Vinho de Jabuticaba, sempre no terceiro final de semana de maio, atrai o equivalente a tr&ecirc;s vezes a popula&ccedil;&atilde;o do munic&iacute;pio. &ldquo;Noventa dias antes da festa ningu&eacute;m consegue mais achar hospedagem&rdquo;, diz o empres&aacute;rio Marcos Lamego, dono do restaurante Hist&oacute;rias Taberna e Pousada Terra Mineira.</p> <p> Cerca de 30 fam&iacute;lias se dedicam &agrave; produ&ccedil;&atilde;o anual de 30 mil garrafas de vinho feito a partir da jabuticaba. Uma das pioneiras, Maria Felisberta, a Dona Fifia, come&ccedil;ou no of&iacute;cio h&aacute; mais de tr&ecirc;s d&eacute;cadas. Hoje, com as limita&ccedil;&otilde;es normais para uma senhora de 77 anos, precisa da ajuda das netas. No misto de sacrif&iacute;cio e amor, conseguiu fabricar 120 garrafas este ano. &ldquo;A gente n&atilde;o tem vontade de parar, mas as coisas v&atilde;o ficando mais dif&iacute;ceis&rdquo;, diz.</p> <p> No centro da cidade, o visitante pode escolher entre 28 r&oacute;tulos diferentes na Aprovari Vinho e Arte, a loja da associa&ccedil;&atilde;o de produtores de Catas Altas. Os vinhos de jabuticaba custam R$ 15 e os de uva, R$ 16.</p> <p> &ldquo;Os clientes s&atilde;o turistas, funcion&aacute;rios e prestadores de servi&ccedil;o da mineradora. Em um final de semana de muito movimento, vendemos de 25 a 30 garrafas. &Eacute; bom, mas podia ser melhor&rdquo;, diz a auxiliar administrativa do grupo, P&acirc;mela dos Santos Gomes.</p> <p> Segundo o prefeito Saulo de Castro, a cidade recebe anualmente em torno de 8 mil turistas. Pertinho dali, no mesmo munic&iacute;pio, est&aacute; o Santu&aacute;rio do Cara&ccedil;a, visitado por 100 mil turistas por ano. &ldquo;Se conseguirmos que 10% deles passem por aqui, ser&aacute; uma vit&oacute;ria&rdquo;, diz.</p> <p> Para que isso aconte&ccedil;a, na opini&atilde;o do empres&aacute;rio Marcos Lamego, &eacute; preciso investir no acesso &agrave;s cachoeiras, com a constru&ccedil;&atilde;o de trilhas, mirantes e pontos de parada.</p> <p> Com o apoio de empresas que investem na regi&atilde;o, Marcos Lamego e outros quatro amigos juntaram esfor&ccedil;os para transformar Catas Altas tamb&eacute;m em polo de cervejas artesanais. Em 2012, o munic&iacute;pio sediou o I Bier Fest Serra do Cara&ccedil;a, regado a jazz, blues e rock.</p> <p> &ldquo;Neste ano atra&iacute;mos oito microcervejarias e 5 mil pessoas. Al&eacute;m de motivador para turistas conhecerem Catas Altas, a bebida pode gerar renda e emprego para a popula&ccedil;&atilde;o local&rdquo;, afirma Lamego.</p> <p style="text-align: right;"> <em>Informa&ccedil;&otilde;es: Hoje em Dia - Fotos Dind&atilde;o</em></p>

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