Bom Dia - O Diário do Médio Piracicaba

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13/05/2014 10h23

Lusco & Fusco - Fernanda, Helena e o futebol

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<p> A gata deu bandeira no cl&aacute;ssico entre Galo e Cruzeiro de domingo. Isso ningu&eacute;m discute. Mas o povar&eacute;u anda falando a be&ccedil;a sobre o preconceito contra Fernanda Colombo depois do impedimento mal marcado contra os Azuis do Barro Preto. De fato, um erro grosseiro, tosco, daqueles que fazem ferver campos de v&aacute;rzea.</p> <p> Um dirigente cruzeirense sugeriu que a bela posasse para a Playboy ao inv&eacute;s de se meter a bandeirar, sugest&atilde;o que deixou esperan&ccedil;osos marmanjos de todo canto. O que se discute &eacute; a metralhadora apontada para os atributos f&iacute;sicos da mo&ccedil;a. Em caso de erro masculino, como ocorre em toda rodada futebol&iacute;stica, n&atilde;o se coloca em voga as coxas do assistente ou o torso bem desenhado do juiz.</p> <p> Tamb&eacute;m nunca vi trazerem &agrave; baila a careca reluzente de H&eacute;ber Roberto Lopes, respons&aacute;vel pelo apito no cl&aacute;ssico, quando este senhor comete seus costumeiros deslizes. Ali&aacute;s, o &aacute;rbitro se safou de se tornar o alvo da artilharia. Foram dele dois erros cruciais para o resultado da peleja: uma penalidade mal marcada para o Galo e outra desconsiderada a favor do Cruzeiro.&nbsp; Por&eacute;m, devido &agrave; repercuss&atilde;o dada ao corpo e &agrave; bandeira de Fernanda, poucos se preocuparam em descascar nosso Kojak dos gramados.</p> <p> N&atilde;o h&aacute; d&uacute;vidas de que h&aacute; sexismo no futebol, al&eacute;m de diversos outros preconceitos. H&aacute; ataques provocados pela cor, pela nacionalidade, pela religi&atilde;o, pelo comportamento. O esporte que n&atilde;o conhece fronteiras reflete justamente o mundo e todos seus desvios. Quando as entranhas do futebol s&atilde;o expostas, constata-se que vivemos em um imenso e enraizado atraso, em uma era de trevas.</p> <p> Mas, a passos de tartaruga, o cen&aacute;rio ganha nova pintura. Assim, ao inv&eacute;s de tecer longas e lamentosas linhas sobre o ocorrido, algo que a maioria j&aacute; fez, &eacute; melhor dar publicidade para a modernidade que come&ccedil;a a brotar. Na Fran&ccedil;a, a portuguesa Helena Costa, uma gaja de 36 anos, se tornar&aacute; uma das primeiras mulheres no mundo a assumir o comando t&eacute;cnico de uma equipe profissional masculina de futebol. A contrata&ccedil;&atilde;o foi anunciada em 7 de maio.</p> <p> Sim senhores!, na casamata do Clermont Foot, que disputa a segunda divis&atilde;o francesa, quem ditar&aacute; as ordens ser&aacute; Helena. E n&atilde;o me venham com piadinhas como &quot;agora o vesti&aacute;rio ficar&aacute; arrumadinho&quot;. A mo&ccedil;a tem curr&iacute;culo.</p> <p> Alguns comentaristas suspeitaram da jogada. Desconfiaram que se tratava de uma busca por exposi&ccedil;&atilde;o midi&aacute;tica por parte dos dirigentes do Clermont. No entanto, Helena Costa tem m&eacute;ritos em sua trajet&oacute;ria no futebol, melhor que a de muitos var&otilde;es por a&iacute;. Formada em Ci&ecirc;ncia do Esporte, ela obteve a nota mais alta no curso de treinadores da Associa&ccedil;&atilde;o de Futebol de Lisboa entre 120 estudantes.</p> <p> Helena come&ccedil;ou a carreira treinando o time j&uacute;nior do Benfica, sendo posteriormente comandante de um clube pequeno da capital portuguesa. &Agrave; frente do esquete feminino do 1&ordm; de Dezembro, faturou o campeonato nacional e a Ta&ccedil;a de Portugal. Liderou as sele&ccedil;&otilde;es femininas do Qatar e do Ir&atilde; e tamb&eacute;m trabalhou como observadora para os mach&otilde;es do Celtic, equipe escocesa. Agora, chegou a oportunidade de colocar seus conhecimentos &agrave; disposi&ccedil;&atilde;o do Clermont.</p> <p> Pouco importa se Helena conseguir&aacute; sucesso. Treinadores fracassam, &eacute; do jogo. &quot;Quando se escolhe um treinador n&atilde;o temos a certeza se vai funcionar, seja um homem ou mulher&quot;, declarou o presidente do clube, Claude Michy.</p> <p> O importante &eacute; assistir a mais um passo adiante dado pelo futebol. O mandat&aacute;rio professou outras cintilantes palavras: &quot;H&aacute; um momento na vida em que &eacute; preciso ser mais precursor do que seguidor&quot;. Exato como os chutes de Marcelinho Carioca, ou melhor, desconcertante como os dribles de Marta.</p>

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