07/04/2014 19h24
Lusco & Fusco - Sabe de nada, inocente
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Sempre é bom falar sobre futebol. Melhor ainda é apostar em futebol. Sensações, jovem, sensações. Ando mais animado com a pepita, efeito Galo-Libertadores e da proximidade com a Copa do Mundo. Não que o esporte tenha melhorado em termos morais e mercadológicos.</p>
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Fato é que estou mais interessado.</p>
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Tenho assistido a muitos comentaristas esportivos de rádio, televisão e internet. Eles não ganham meu coração. Falam ao léu, erram mais do que acertam, chutam muito, repetem chavões, fórmulas e têm amigos e inimigos dentro de campo.</p>
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Os debates esportivos desenvolvidos por esses senhores e senhoras sem sonho, maioria da classe, se transformaram em uma cachoeira de números e dados sobre táticas, esquemas, diagonais, infiltrações, linhas, posicionamentos, trocas, quilômetros percorridos, <a href="http://espn.uol.com.br/post/388493_mapa-de-calor-como-atuam-os-candidatos-ao-meio-campo-ofensivo-da-selecao-de-felipao">mapas de calor</a>.</p>
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Eles se esquecem dos espinhos. Toda essa tralha de terno é menos importante que a filhadaputagem do imponderável rodriguiano, a bola na canela que feri ou glorifica.</p>
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Sou um apreciador do futebol folclore, que acredita em nome feio para zagueiro, camisa 10 canhoto, atacante arisco e humilde pela direita e goleador garboso, de nome composto, sacramentando a cerimônia. Acredito em sina. Confio demais na reza do vestiário, mesmo não acreditando em Deus. O futebol é a diversão-mãe.</p>
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Comprei um livro interessante dia desses, “Os Números do Jogo”, escrito por dois caras inteligentes, Chris Anderson e David Sally, estatístico e especialista em estratégias, respectivamente. Eles tentam mostrar que o futebol é decidido mais pela racionalidade, treinamento, táticas e estratégias do que pela sorte. Pelo que li até aqui, os argumentos são muito bons e fundamentados. Só essa frase vale a leitura: “Nós jogamos um futebol de esquerda. Todo mundo faz tudo”, de PepGuardiola.</p>
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Porém, sou obrigado a dizer: o que são palavras e números frente os desígnios do sobrenatural? Que raio de gráfico ou fórmula estatística pode prever um escorregão (obrigado!), uma mão na bola clandestina, um desvio na ponta do pé, o sopro do vento, o destempero de um volante, o ânimo de um armador, a precisão de um lateral, a confiança de um atacante, o apagar dos refletores. Impossível.</p>
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Prefiro acreditar na luz emitida pela grama verde. É assim que passei bastante tempo amassando barro. Tinha a esperança de que alguma coisa ou alguém rogaria por nós. E aconteceu.</p>
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Massacres táticos podem ser esquecidos. Uma canelada campeã vira lenda. Times disciplinados são condecorados. Times loucos, extravagantes e campeões são imortalizados. O romantismo não pode ser pisoteado pelas pranchetas dos brucutus de plantão. Que os cães, coelhos e quero-queros continuem a povoar nossos campos. Que a tragédia e a comédia futebolísticas não nos abandonem.</p>
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Para os próximos meses, tenho meus palpites. Óbvio que fugi das obviedades, arrisquemo-nos um pouco mais, desafiemos o senso comum. Permitam-me expô-los desde já:</p>
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<strong>Copa do Mundo</strong>– Alemanha leva; Brasil terceiro colocado.</p>
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<strong>Copa Libertadores – </strong>Cerro Porteño ganha; Santos Laguna vice.</p>
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<strong>Champions League –</strong>Manchester United vence.</p>
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<strong>Brasileirão – </strong>Internacional papa.</p>
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<strong>Mineiro – </strong>Sem palpite, pois não se enquadra na condição de campeonato.</p>
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Chutes certeiros, tão certeiros como o dia de amanhã.</p>
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<em>Grande abraço.</em></p>