Bom Dia - O Diário do Médio Piracicaba

notícias

05/03/2014 08h38

Ap?s Carnaval, cat?licos iniciam semana da Quaresma com Quarta-feira de Cinzas

Compartilhe
<p> Para quem pulou, ou n&atilde;o, Carnaval, esta quarta-feira, 5, representa o primeiro dia da Quaresma no calend&aacute;rio gregoriano, podendo tamb&eacute;m ser designada por Quarta-feira de Cinzas e &eacute; uma data com especial significado para a comunidade crist&atilde;.</p> <p> A data, celebrada anualmente na igreja cat&oacute;lica, &eacute; um s&iacute;mbolo do dever da convers&atilde;o e da mudan&ccedil;a de vida, para recordar a passageira fragilidade da vida humana, sujeita &agrave; morte.&nbsp;Coincide com o dia seguinte &agrave; ter&ccedil;a-feira de Carnaval e &eacute; o primeiro dos 40 dias (Quaresma) entre essa ter&ccedil;a-feira e a sexta-feira (Santa) anterior ao domingo de P&aacute;scoa.</p> <p> Diversas igrejas em todo pa&iacute;s celebrar&atilde;o a tradicional missa das cinzas, que s&atilde;o misturadas &agrave; &aacute;gua benta e sinalizadas em forma de cruz na fronte de cada fiel, proferindo a frase &ldquo;Lembra-te que &eacute;s p&oacute; e que ao p&oacute; voltar&aacute;s&rdquo; ou a frase &ldquo;Convertei-vos e crede no Evangelho&rdquo;.</p> <p> Na Quarta-feira de Cinzas (e na Sexta-feira Santa) a Igreja Cat&oacute;lica aconselha os fi&eacute;is a fazerem jejum e a n&atilde;o comerem carne. Esta tradi&ccedil;&atilde;o j&aacute; existe h&aacute; muitos anos e tem como prop&oacute;sito fazer com que os fi&eacute;is tomem parte do sacrif&iacute;cio de Jesus. Assim como Jesus se sacrificou na cruz, aquele que cr&ecirc; tamb&eacute;m pode fazer um sacrif&iacute;cio, abstendo-se de uma coisa que gosta, neste caso, a carne.</p> <p> De acordo com a lei federal, a Quarta-feira de Cinzas n&atilde;o &eacute; um feriado oficial. No entanto, muitos estabelecimentos comerciais n&atilde;o funcionam, mesmo tendo autoriza&ccedil;&atilde;o para funcionar. Algumas reparti&ccedil;&otilde;es p&uacute;blicas e ag&ecirc;ncias banc&aacute;rias s&oacute; funcionam a partir das 12 horas.</p> <p> <strong>Origem da Quarta-feira de Cinzas</strong></p> <p> O uso lit&uacute;rgico das cinzas tem sua origem nos tempos do Antigo Testamento. As cinzas simbolizam o luto, a mortalidade e penit&ecirc;ncia. Por exemplo, no livro de Ester, Mardoqueu p&ocirc;s-se de saco e cinzas quando soube do decreto do Rei Assuero (ou Xerxes, 485-464 aC) da P&eacute;rsia para matar todos os judeus no Imp&eacute;rio Persa (Est 4,1). J&oacute; (cuja hist&oacute;ria foi escrita entre os 7 e 5&ordm; s&eacute;culos aC) arrependeu-se com pano de saco e cinza (J&oacute; 42,6). Profetizando o cativeiro babil&ocirc;nico de Jerusal&eacute;m, Daniel (c. 550 aC) escreveu: &ldquo;Virei-me para o Senhor Deus, pedindo em ora&ccedil;&atilde;o fervorosa, com jejum, pano de saco e cinza&rdquo; (Dn 9,3). No s&eacute;culo 5 aC, ap&oacute;s a prega&ccedil;&atilde;o de convers&atilde;o e arrependimento de Jonas, a cidade de N&iacute;nive proclamou um jejum, e vestiram-se de saco, e o rei se cobriram-se de saco e sentou-se nas cinzas (Jon. 3,5-6). Estes exemplos do Velho Testamento evid&ecirc;nciam tanto uma pr&aacute;tica reconhecida de usar cinzas e um entendimento comum do seu simbolismo.</p> <p> O pr&oacute;prio Jesus tamb&eacute;m fez refer&ecirc;ncia a cinzas: referindo-se &agrave;s cidades que se recusaram a arrepender-se do pecado, apesar de terem testemunhado os milagres e ouvirem as boas novas, nosso Senhor disse: &ldquo;Porque, se em Tiro e em Sidom se tivessem operado os milagres que em v&oacute;s se fizeram, h&aacute; muito que elas se teriam arrependido com pano de saco e cinza.&rdquo; (Mt 11,21).</p> <p> A Igreja primitiva continuou a utiliza&ccedil;&atilde;o de cinzas, pelas mesmas raz&otilde;es simb&oacute;licas. Em seu livro, De Poenitentia, Tertuliano (c. 160-220) prescrevia que o penitente deve &ldquo;viver sem alegria na rugosidade de pano de saco e coberto de cinzas.&rdquo; Eus&eacute;bio (260-340), o famoso historiador Igreja primitiva, contou em sua A Hist&oacute;ria da Igreja como um ap&oacute;stata chamado Natalis veio ao Papa Zeferino vestido de saco e cinzas, implorando perd&atilde;o. Tamb&eacute;m durante esta &eacute;poca, para aqueles que foram obrigados a fazer penit&ecirc;ncia p&uacute;blica, o padre polvilhava cinzas sobre a cabe&ccedil;a da pessoa deixando a confiss&atilde;o.</p> <p> Na Idade M&eacute;dia (pelo menos em torno do s&eacute;culo 8), aqueles que estavam prestes a morrer eram colocados no ch&atilde;o em cima do saco polvilhado com cinzas. O sacerdote aben&ccedil;oava a pessoa que estava morrendo com &aacute;gua benta, dizendo: &ldquo;Lembra-te que &eacute;s p&oacute; e ao p&oacute; tu h&aacute;s de retornar.&rdquo; Ap&oacute;s a aspers&atilde;o, o padre perguntava: &ldquo;Estas feliz com o saco e cinza em testemunho de tua penit&ecirc;ncia diante do Senhor no dia do ju&iacute;zo?&rdquo; Para o qual o moribundo respondia: &ldquo;Estou feliz.&rdquo; Em todos esses exemplos, o simbolismo de luto, a mortalidade e &agrave; penit&ecirc;ncia &eacute; clara.</p> <p> Depois, o uso de cinzas foi adaptado para marcar o in&iacute;cio da Quaresma, o per&iacute;odo de prepara&ccedil;&atilde;o de 40 dias (n&atilde;o incluindo domingos) para a P&aacute;scoa. O ritual para o &ldquo;Dia de Cinzas&rdquo; &eacute; encontrado nas primeiras edi&ccedil;&otilde;es do sacrament&aacute;rio gregoriano que remonta pelo menos ao s&eacute;culo 8. Por volta do ano 1000, um padre anglo-sax&atilde;o chamado Aelfric pregou: &ldquo;Lemos nos livros, tanto na Lei do Antigo e do Novo, que os homens que se arrependeram de seus pecados cobriam-se com cinzas e vestiam seus corpos de saco. Agora vamos fazer esta pequeno ato no in&iacute;cio da nossa Quaresma de espalhar cinzas sobre a cabe&ccedil;a para significar que devemos nos arrepender de nossos pecados durante o jejum quaresmal&rdquo;. Como um adicional, Aelfric refor&ccedil;ou seu ponto de vista at&eacute; ent&atilde;o contando a hist&oacute;ria de um homem que se recusou a ir &agrave; igreja na quarta feira de cinzas e receber as cinzas, o homem foi morto alguns dias depois em uma ca&ccedil;a ao javali. Desde a Idade M&eacute;dia, pelo menos, a Igreja usou as cinzas para marcar o in&iacute;cio da temporada penitencial da Quaresma, quando nos lembramos de nossa mortalidade e choramos por nossos pecados.</p> <p> Em nossa liturgia atual do Dia de Cinzas, usamos cinzas feitas de ramos de palmeiras queimadas distribu&iacute;das no Domingo de Ramos do ano anterior. O sacerdote aben&ccedil;oa as cinzas e as imp&otilde;e na fronte dos fi&eacute;is, fazendo o sinal da cruz e dizendo: &ldquo;Lembre-se, homem, que &eacute;s p&oacute; e ao p&oacute; voltar&aacute;s&rdquo;, ou &ldquo;convertei-vos e serdes fi&eacute;is ao Evangelho&rdquo;. Quando come&ccedil;amos esta &eacute;poca santa da Quaresma, em prepara&ccedil;&atilde;o para a P&aacute;scoa, &eacute; preciso lembrar o significado das cinzas que recebemos: lamentamos e fazemos penit&ecirc;ncia pelos nossos pecados. Voltamos a converter o nosso cora&ccedil;&atilde;o ao Senhor, que sofreu, morreu e ressuscitou para a nossa salva&ccedil;&atilde;o. Renovamos as promessas feitas em nosso batismo, quando morremos de uma vida velha e nos levantamos a uma nova vida com Cristo. Finalmente, consciente de que o reino deste mundo passa, nos esfor&ccedil;amos para viver o Reino de Deus agora e estamos ansiosos para o seu cumprimento no c&eacute;u. Em ess&ecirc;ncia, morremos para n&oacute;s mesmos, e nos levantamos para uma nova vida em Cristo.</p> <p> Como nos lembramos o significado dessas cinzas e nos esfor&ccedil;amos para viv&ecirc;-la durante este tempo da Quaresma, devemos permitir que o Esp&iacute;rito Santo nos mova para a caridade para com os nossos vizinhos. Nosso Santo Padre, na sua Mensagem para a Quaresma de 2003, disse: &ldquo;&Eacute; minha fervorosa esperan&ccedil;a de que os crentes v&atilde;o encontrar nesta Quaresma um tempo favor&aacute;vel para testemunhar o Evangelho da caridade em todos os lugares, uma vez que a voca&ccedil;&atilde;o para a caridade &eacute; o cora&ccedil;&atilde;o de toda verdadeira evangeliza&ccedil;&atilde;o.&rdquo; Ele tamb&eacute;m lamentou que a nossa &ldquo;&eacute;poca, lamentavelmente, &eacute; particularmente suscet&iacute;vel &agrave; tenta&ccedil;&atilde;o para o ego&iacute;smo que sempre se esconde dentro do cora&ccedil;&atilde;o humano&hellip; Um desejo excessivo de bens impede o ser humano de ser aberto a seu Criador e aos seus irm&atilde;os e irm&atilde;s.&rdquo; Nesta Quaresma, atos de amor de doa&ccedil;&atilde;o mostrados aos necessitados devem ser parte de nossa penit&ecirc;ncia, de convers&atilde;o e de renova&ccedil;&atilde;o, por tais atos constituem a solidariedade e a justi&ccedil;a essencial para a edifica&ccedil;&atilde;o do Reino de Deus neste mundo.</p> <p> &nbsp;</p> <p align="right"> <em>Pe. Saunders &eacute; p&aacute;roco de Nossa Senhora da Esperan&ccedil;a em Potomac Falls e professor de catequese e teologia na Notre Dame Graduate School, em Alexandria.</em></p>

Bom Dia Online- Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.

by Mediaplus