13/02/2014 09h35
Miscel?nea - Poesias Escolhidas
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<em>O Miscelãnea de hoje, está poético; Nessas minhas viagens virtuais, deparei-me com um blog, que pelo título me deixou extremamente curiosa, Tatami e Coisa e Tao, fui até lá, e me surpreendo com a delicadeza e carinho desse espaço, e seus poemas e contos, sem pretensão estética, e abordando nosso cotidiano, de forma inteligente, Renata Braz (autora do blog), gosta de brincar com o duplo sentido das palavras. Seu blog com apenas 9 meses já teve mais de 12 mil acessos, e isso resultou o convite para ter alguns de seus poemas publicados no primeiro volume da antologia, CEM VOZES DE UMA ALMA, uma produção independente, com previsão de lançamento para fevereiro/14. Conheçam um pouco de Renata Braz:</em></p>
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<a href="http://www.tatamicoisaetao.blogspot.com.br/2013/08/e-aprisionado-por-mentes-ordinarias.html"><strong>ASAS</strong></a></p>
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E aprisionado por mentes ordinárias</p>
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Perdeu, aos poucos, a vontade de voar.</p>
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Por fim, nem se lembrava</p>
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Do talento que possuía.</p>
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Deixou-se transformar num Ícaro sem sonhos.</p>
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Era apenas mais um homem amargo</p>
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No meio de tantos outros.</p>
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Procurou não se destacar.</p>
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Misturou-se à massa comum.</p>
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Mas, nada apaga a luz verdadeira.</p>
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Sua genuína natureza se manifestou.</p>
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Logo suas asas desabrocharam</p>
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E a todos ele se revelou.</p>
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Foi visto, pela última vez,</p>
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Dando cambalhotas no ar.</p>
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O horizonte o acolheu.</p>
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Plantados no chão, restaram os banais.</p>
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Muitos nem perceberam o homem que voava.</p>
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Outros, assustaram-se, mas</p>
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Logo voltaram à vidinha rasa.</p>
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Alguns, no entanto, foram vistos</p>
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olhando as próprias costas,</p>
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A questionar onde estariam suas asas.</p>
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<a href="http://www.tatamicoisaetao.blogspot.com.br/2013/08/digitais.html"><strong>DIGITAIS</strong></a></p>
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Fiz uma esfoliação corporal</p>
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Foi inócuo, foi em vão</p>
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Suas digitais continuam em mim<br />
Não se foram com o banho</p>
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Com a pele morta, enfim.</p>
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É desesperador</p>
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Estão por todo lado,</p>
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Saudáveis e vivas</p>
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Marcando cada centímetro meu</p>
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Fossilizadas por sua saliva</p>
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Ficaram feito tatuagem</p>
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E não me resta outra solução</p>
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A não ser acostumar-me<br />
Com tão doce aflição</p>
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Quando olho-me no espelho</p>
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O meu corpo nu</p>
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Vejo aqueles dígitos ainda fortes</p>
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Impressão em traço sinuoso</p>
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Que desenha o caminho de suas mãos</p>
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Indicando a trajetória do gozo</p>
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<a href="http://www.tatamicoisaetao.blogspot.com.br/2013/08/farsa-do-cordel.html"><strong>FARSA DO CORDEL</strong></a></p>
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Tu vais pro recôncavo</p>
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E me deixas aqui, cheia de mel</p>
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Que mantenho no favo</p>
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E depois derramo num tonel</p>
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Pra quando voltares, tu, o "Bravo"</p>
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Bem fresco o saboreies, à granel</p>
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Tento fazer um conchavo</p>
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Fico mais afável</p>
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Ofereço-te até um cravo</p>
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Mas, eu sei...é inviável</p>
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Porém, não proponho agravo</p>
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Seria muito cruel</p>
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Rascunho num pedaço de papel</p>
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Que não vale um centavo</p>
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Um projeto de cordel</p>
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Teço o meu adeus escravo</p>
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Desalinho o carretel</p>
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E me enterro no chão que cavo</p>
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<strong>Renata Braz, </strong>Paulista, <em> bacharel em Direito, poetisa e escritora,</em></p>
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<em>Tatami, coisa e tao: </em><a href="http://www.tatamicoisaetao.blogspot.com/"><em>www.tatamicoisaetao.blogspot.com</em></a></p>
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